quinta-feira, 16 de outubro de 2014

The Prince of Tennis (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 15/04/2006.

Alternativos: Tennis no Ouji-sama, TeniPuri, O Príncipe do Tênis
Ano: 2001
Diretor: Takayuki Hamana
Estúdio: J.C. Staff / NAS / Production I.G.
País: Japão
Episódios: 178
Duração: 22 min
Gênero: Comédia / Esporte







Este anime introduz o milionário mundo do tênis aos que o assistirem. Nele são colocados todas as normas, regras, condutas, modos de vestir, agir e pensar dos tenistas. Baseado num "Sport Manga" clássico, Prince of Tennis não trás nada de novo, mas impressiona pela qualidade da animação, principalmente em se tratando de uma série extremamente longa. Produzido pelo Stúdio IG a partir de 2001, possui 178 episódios, mais um OVA e um "movie". O anime demonstra de forma bem adequada como se deve proceder no jogo, e termos bastante usados nas quadras são ouvidos com freqüência, tais como: split step, spin, volley, smash, etc. Os jogadores são classificados conforme seu desempenho e conduta, e não variam muito disso, pois acabam tornando-se imperfeitos e, muitas vezes, provocando um quase desastre quando resolvem fazer algo para o qual não foram treinados, como numa passagem hilária num jogo de duplas lá no meio do anime, com direito a "castigo de joelhos" ao lado da quadra, no meio de um torneio, um baita vexame! Mas chega de enrolação e vamos ao enredo.

O Seishun Gakuen é um colégio famoso por formar bons tenistas, o que acaba levando dois jornalistas até lá para verificar se isso realmente é verdade: Inoue, jornalista experiente e conhecedor de tênis, e a "boboca aloprada" fotógrafa Shiba. Lá eles descobrem que a Seigaku (abreviatura para Seishun Gakuen) é uma verdadeira fábrica de talentos nesse esporte. A partir daqui, segue-se uma verdadeira caça aos principais jogadores do colégio, ou seja, uma caça aos "regular", que são os jogadores da equipe permanente.

Mas voltemos para o início do anime. Ryoma Echizen (Minagawa Junko) voltou dos Estados Unidos recentemente, onde participava de torneios de tênis e foi vencedor de 4 deles. Sendo considerado um prodígio no esporte, por este motivo não pode participar de categorias da sua idade, ou seja, 12 anos, tendo sido indicado a entrar na categoria de 16 anos. Ele é mal educado, provocador, grosso, intolerante, arrogante.... tudo quanto é qualidade "boa" de se ter, pode ter certeza... ele tem. Não entra em disputas para perder, aliás, a coisa que ele mais odeia no mundo é perder. Sem muitas dificuldades ele se torna o novo "freshmen", ou seja, ele é um "novato" no time regular de tênis da Seigaku. É um jogador "all rounder", joga todos os estilos, além de possuir uma característica bastante incomum: ele joga com as duas mãos, uma habilidade conhecida como "nitouryuu", pois em uma possui mais força e, na outra, maior jogabilidade. Ele possui duas características marcantes, a primeira é o fato de dizer sempre "mada, mada dane" (não, ainda não) a cada vez que resolve jogar de verdade, e a segunda é de sempre parecer totalmente insensível, a não ser quando acontece algo envolvendo seu gato "racoon" de nome Karupin.

Aparentemente não consegue se envolver com ninguém totalmente. As suas amizades são veladas, as conversas são monólogas do tipo "sim, não, talvez", com uma arrogância e um ar de superioridade que irrita qualquer um, além de provocar brigas constantes e ser o estopim de muitas discórdias e sentimentos entusiasmados. Em suma, ele é uma gracinha quando esta dormindo. Sem mais enrolação, ele é o Prince of Tennis do título.

E formando o time da Seigaku temos: o capitão Tezuka Kunimitsu (Okiayu Ryotaro), 3o ano (all rounder), sonha em levar a Seishu Gakuen para o Torneio Nacional de Tennis. Ele se afasta temporariamente da chefia do time para cuidar do braço machucado, deixando o vice-capitão tomando conta do time. O vice-capitão, Suichiroh Oishi (Kondo Takayuki), 3o ano (counter puncher), um fundista agressivo, tem como especialidade o Moon Volley. Ele forma o Golden Pair juntamente com Kikamaru. Outro personagem de grande destaque é Syusuke Fuji (Kaida Yuki), 3o ano, com uma carinha de anjo, cativa qualquer um logo de cara, mas basta conhecê-lo mais a fundo pra ver que "rostinho bonito também põe mesa, sim". Ele é considerado um menino prodígio das quadras e, assim como Oishi, também é um counter puncher, possui tantas técnicas que fica difícil saber se ele tão ou mais forte que o capitão Tezuka. Possui um irmão mais novo, Yuuta, que por um motivo bem simples, "ciúmes", acaba estudando em outro colégio, o St Rudolph, onde também faz parte do Clube de Tênis e, mais á frente, acaba se confrontando com Echizen.

Takashi Kawamura (Kawamoto Naru), 3o ano, tem uma participação mais tranqüila. Ele parece esquecido, temeroso, nervoso, mas basta pegar numa raquete que se transforma completamente: passa a gritar feito um doido, além de ser extremamente forte. Ele é um "agressive baseliner", que seria um meio-fundista agressivo. Eiji Kikamaru (Takahashi Hiroki), 3o ano, é um "serve & volley", rápido e ágil como um gato, parece que nada escapa ao olhar atento deste jovem tenista sorridente e de bem com a vida, ele é o mais animado do grupo e também é o mais desligado, sua especialidade é o Acrobatic Volley. Takeshi Momoshiro (Onosaka Masaya), 2o ano, gosta de ser chamado de Momo (senpai) e, assim como Oishi e Fuji, é um "agressive baseliner", sua especialidade é o Dunk Smash. Ele é o primeiro amigo de Echizen, apesar de brigarem com certa freqüência. Ele tem uma quedinha por Ann, irmã de Tachibana do time Fudomine... aliás, ele e Kamio (também do time Fudomine) brigam feito cão e gato quase o tempo todo pela atenção dela e, com isso, produzem as cenas mais engraçadas do anime. 






Inui Sadaharu (Tsuda Kenjiro) colhe o que chama de "data", ou seja, analisa dados e os usa para atacar os adversários em seus pontos fracos, também é responsável pelo alívio cômico na maior parte das vezes. Ele produz sucos vegetais bombásticos, capazes de fazer um aleijado correr léguas sem descanso (olha que isso não é brincadeira, não!). Toda a equipe treina para valer quando ele resolver premiar os perdedores com seus famosos "golden deluxe remix extra juice", eheheh. E, por fim, Kaoru Kaidoh (Kiyasu Kohei), 2o ano, apelidado de Viper, resmungão e briguento, passa a maior parte do tempo chiando como uma cobra, ele é "counter puncher".

O enredo se baseia no sonho da Seigaku em entrar nas Finais Nacionais Junior de Tênis, mas isso só pode acontecer após uma disputa com diversas equipes de todo o Japão. Entre os principais times temos: a Fudomine Jr High, uma escola que evoluiu muito em alguns meses, nela é que estão os maiores conflitos para a criação de uma equipe de tênis, devido a problemas internos na escola. É uma equipe forte e cheia de motivação. E outra bastante conhecida é a Hokkaku Jr High, basicamente formada por tenistas que aprenderam com os torneios, tornaram-se bastante fortes e são liderados por um velhinho boa praça muito distraído. E, para fechar o grupo, temos a Rikkai Jr High.

O anime mostra bem a que veio: introduzir o mundo do tênis para leigos. Com uma série de movimentos quase impossíveis de se realizar, vôos rasantes que mais parecem colidir com o céu, um jogo aéreo e acrobático meio impraticável. 

Pontos fracos o anime tem, e muitos, como a falta de história dos personagens. Todos eles, sem exceção, não possuem vida fora das quadras, vivem em função dos jogos. Sequer se sabe se têm irmãos, amigos, o que fazem nas horas de folga (além de jogar), em muitos casos só se sabe o nome dos personagens porque eles passam na parte inferior da tela, com aquela descrição básica (nome, data de nascimento, tipo de sangue, comida favorita e hobby), mais nada. Pra se ter idéia do que estou falando, basta dizer que a história dos outros times, principalmente o time Fudomine, que teve brigas internas com alunos e professores, provações e violência com direito as principais manchetes em jornais, são centenas de vezes mais interessantes que a do Seigaku, que possui uma estrutura pronta de dar inveja aos melhores clubes de tênis do mundo. Quer dizer: você entra na escola e treina, mais nada, nenhuma dificuldade, nenhuma regra, basta demonstrar interesse que está dentro.

Em suma, o enredo é a busca da vitória nas finais nacionais de tênis, em seus mais de 100 episódios, tudo o que se vê são jogos, alguns bem interessantes, outros tão fantasiosos que chegam a dar sono. A tentativa, muitas vezes fracassada, de dar emoção às partidas caem na falha clássica de estender a "batalha" por mais de 5 episódios, tornando as partidas extremamente chatas. Os criadores do anime não tiveram a mesma sorte de Hikaru no Go, que o fizeram de forma simples, mostrando a evolução do personagem, sua vida fora do jogo, sua história, sua família, seus amigos e crises adolescentes, deixando as partidas de Go tão interessantes que não poderiam ser descritas de outra forma. 

OVA de Prince of Tennis não passa de mais uma disputa entre equipes durante uma viagem de treinamento às montanhas, e se chama "A Day of the Survival Mountain". O movie "Futari no Samurai" outra vez se baseia em jogos, mas dessa vez dentro de um navio, com direito a ameaças com armas de fogo e tudo mais: ambos são incrivelmente "sem graça".



O maior pecado do anime é o próprio Echizen, que falha em trazer algum carisma à história. Ao colocar este "garoto gênio" pra tentar salvar o anime, os produtores acabaram fazendo o contrário: muitas vezes ele se torna insuportável. Mesmo porque dá pra se notar que todos os membros da Seigaku tem um "quê" de gênio. O anime dá pra ser engolido nos episódios iniciais e a partir do episódio 80, onde parece que os produtores voltaram ao seu juízo perfeito e resolveram colocar alguma vida nos episódios. Antes disso, meus queridos: jogos, jogos, jogos, jogos... Sem ser sacana demais, é um anime chato pra caramba. Pra quem gosta de tênis é legalzinho de ver, mas quem quer saber de uma boa história.... iché... existem títulos melhores baseados em "sport mangá".

Cátia Nunes