quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Black Lagoon – Roberta’s Blood Trail (OVA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animebook em 12/08/2013

Ano: 2010
Diretor: Sunao Katabuchi
Estúdio: Madhouse
País: Japão
Episódios: 4
Duração: 33 min
Gênero: Ação / Aventura / Comédia / Drama



Black Lagoon foi lançado no primeiro semestre de 2006 e fez bastante sucesso com muita violência, humor negro e diálogos afiados, tudo isso em um anime com 12 episódios. No segundo semestre veio a segunda temporada, Second Barrage, com 12 episódios também. Mas a continuação só veio em uma série de cinco ovas que estreou em 2010 e finalizou em 2011.

A troca de formato teve seu impacto na série. A quantidade de episódios caiu, mas a duração de cada um dobrou. A qualidade da animação subiu consideravelmente, e olha que a animação da série original já era muito boa. Mas a maior mudança foi no roteiro - as histórias curtas foram deixadas de lado em favor de um arco longo envolvendo todos os personagens importantes da série.

Roberta está de volta a Roanapur. A empregada casca-grossa ex-agente das FARC quer vingança pela morte de seu patrão, o patriarca Lovelace. Em sua procura vem o “patrãozinho”, Garcia Lovelace, que a considera parte da família e não quer vê-la ferida, e Fabiola Iglesias, outra empregada violenta.

O problema é que o responsável pela morte do patriarca Lovelace é um esquadrão americano chamado Gray Fox, comandado pelo Major Shane Caxton, que está em missão em Roanapur a mando da NSA. Quando chega a Roanapur o esquadrão Gray Fox coloca em risco o delicado equilíbrio das diversas organizações da cidade. A Tríade, a Igreja da Violência e o Hotel Moscow são envolvidos, e como sempre a equipe Lagoon está pronta para tirar proveito da situação.


Rocky tem muito mais destaque nesta temporada. Ele arquiteta planos envolvendo todos os grupos disputando poder e dinheiro para interesses obscuros. É uma evolução considerável em relação ao comportamento mais abobalhado e idealista anterior. Há algumas revelações sobre o passado de Revy, mas a personagem perdeu destaque, com menos cenas. Em compensação seus flashbacks e perturbações são tocantes. Dutch e Benny continuam como coadjuvantes.

Dos personagens novos o destaque é o Major Shane Caxton. Um militar preocupado com seus subordinados mas disposto a fazer tudo que seus superiores mandam, tem bastante carisma. Já Fabiola age como uma versão mais infantil e sem graça de Roberta.

Em termos técnicos os ovas são realmente de tirar o fôlego. A abertura remixada é uma bela surpresa. Todos as dublagens são bem feitas e os efeitos sonoros acurados. As músicas dão o clima certo. O visual é detalhado e fluído, as cenas de ação transcorrem muito bem. Os efeitos de iluminação são bem feitos, e os ângulos cinematográficos ajudam a situar quem assiste nas cenas de ação de uma maneira soberba.

Infelizmente o roteiro não se desenvolve bem. É confuso, com pontas soltas e muita ação sem sentido. Os exageros tomam conta da trama. Os episódios em que Roberta aparece na primeira temporada são mais exagerados que os outros, mas em Roberta’s Blood Trail a personagem passa a impressão de ser imortal, inatingível e a prova de falhas. Mal este que atinge outros personagens também. As revelações e reviravoltas não têm o impacto que deveriam. E o final é péssimo, incrivelmente previsível e pouco inspirado.



Black Lagoon - Roberta’s Blood Trail não consegue o mesmo equilíbrio entre as batalhas e história que o anime. Pra quem gosta de grandes cenas de tiroteios e muita sanguinolência é uma ótima pedida. Já quem gosta das fortes críticas sociais, dos diálogos com fortes críticas à hipocrisia humana e de roteiros melhores trabalhados a série fica bem aquém do esperado.

Heider Carlos