quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Panda Kopanda 1 & 2 (Movie)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 17/12/2010

Alternativos: As Aventuras de Panda! e seus Amigos; Panda! Go Panda!; / Panda-Kopanda: Amefuri Circus no Maki; Panda! Go
Panda!: Rainy Day Circus
Ano: 1972
Diretor: Isao Takahata
Estúdio: TMS Entertainment
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 71 min
Gênero: Aventura / Comédia / Infantil



A distribuição de animações japonesas no Brasil é muitas vezes caótica. Usando o Ghibli como exemplo, dá pra notar que várias produções cultuadas do estúdio nunca chegaram ao Brasil. Muitas se encontram fora de catálogo há mais de 10 anos, como Porco Rosso e Tonari no Totoro (intitulado Meu Amigo Totoro no VHS lançado aqui). Princesa Mononoke foi dublado mas nunca foi lançado no Brasil, e vários clássicos continuam inéditos. Qual não foi minha suprpresa ao encontrar o DVD de Panda Kopanda baratinho em uma loja na minha cidade. É bom frisar que "Panda Kopanda" e "Panda Kopanda and the Rainy Day Circus", teoricamente, não são do Ghibli. Eles datam de 1972, e o estúdio só seria fundado em 1985. Porém, Hayao Miyazaki fez o roteiro e layout, e Isao Takahata as dirigiu. Por isso, estas animações são consideradas pré-Ghibli.

Foram lançadas pouco tempo depois da China ter dado dois pandas para o Japão, como parte de uma estratégia diplomática. Isso originou uma verdadeira febre pelos ursos, e foi seguindo esta moda que a primeira animação foi lançada. Panda Kopanda gerou uma continuação, Panda Kopanda: Amefuri Circus no Maki, que também está incluida no DVD nacional.

A primeira animação começa com uma menina chamada Mimiko se despedindo de sua avó, que vai ao memorial do avô. Mimiko fica sozinha na sua casa, cercada de uma floresta de bambu. Ela encontra um panda bebê, e o adota, e também o pai deste panda, que a adota. De modo que ela se considera mãe do Pandinha e filha do Papai Panda, que é pai do Pandinha. Complexo, não? :D Eles decidem viver juntos, e a animação segue contando as aventuras deles pela cidade, em um humor bem pastelão e simples.

Na segunda animação, Mimiko continua na casa com seus amigos. Sua avó está morando em um lugar que parece um asilo. Esta segunda animação pode ser dividida em duas partes: a primeira apresenta Tigrinho, um bebê tigre que fugiu do circo que chegou na cidade. Como não poderia deixar de ser, ele vai parar na casa de Mimiko, e depois de algumas desventuras todos se tornam amigos e ele é adotado pela garota. A segunda começa quando chove bastante e a cidade é inundada. Mimiko e seus amigos se juntam para ir ao circo e, ao chegar lá e ver que todos estão com problemas, resolvem ajudar. Em termo de roteiro e humor, tudo continua no mesmo estilo simples e leve, e quem gostou do primeiro certamente gostará do segundo.

A animação em si não é boa. Há muitas cenas paradas, e a passagem de uma cena mais animada para outra com menos movimento é muitas vezes brusca. O design dos personagens é bem padrão, o traço é simples e tudo é bem colorido.

Os dois episódios são frequentemente comparados a Meu Vizinho Totoro. E não é para menos. Papai Panda e o Pandinha são realmente bem parecidos com os Totoros, tanto no formato quanto no sorriso enorme, e é impossível ver a sapeca Mimiko e não lembrar da Mei. A abertura também é muito familiar para quem viu Tonari no Totoro, com uma música simples e os personagens SD dançando, parecendo uma brincadeira de recortar e colar feita por uma criança. Mas o estilo das obras é completamente diferente. Enquanto Tonari no Totoro usa uma narrativa tranquila, realista e nostálgica, Panda Kopanda vibra com piadas pastelão e bem menos realismo. Até mesmo o público alvo é diferente. Tonari no Totoro é um filme voltado a todas as idades, já Panda Kopanda é notavelmente mais infantil.

O DVD nacional conta com boa qualidade de imagem, com a tela 4x3. Há duas faixas de audio, japonês 2.0 e português 2.0. As legendas são simples e bem fáceis de entender. Não há extras, mas eles não chegam a fazer muita falta em um DVD infantil. O único problema é a música de abertura. No audio em português, simplesmente tiraram a voz cantando, e deixaram só a música de fundo. Porque não dublaram ou até mesmo colocaram a música original em japonês é um mistério.


Como primeira obra criada por Hayao Miyazaki, este filme desperta curiosidade. Mas é bom lembrar que ele é voltado pra crianças, e não tem (nem precisa ter) a complexidade de um "A Viagem de Chihiro", por exemplo. Com isso em mente, dá para dizer que são boas animações, que apesar de não inovarem, cumprem muito bem o papel delas. Animações divertidas, que por não terem grandes recursos audiovisuais, apostaram no carisma e na simplicidade e que deram certo.

Heider Carlos