segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Clannad (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 30/08/2008


Ano: 2007
Diretor: Tatsuya Ishihara
Estúdio: Kyoto Animation
País: Japão
Episódios: 24
Duração: 25 min
Gênero: Drama / Comédia / Romance



Clannad é a terceira adaptação feita pelo estúdio Kyoto Animation com base nos jogos porn... Digo, hent... “Visual Novels” produzidas pela produtora Key Visual Arts. Esse estúdio e produtora são mais conhecidos justamente por suas duas outras obras: Air e Kanon.

Tomoya Okazaki é um “deliqüente” estudante de uma escola em alguma cidade fictícia no Japão (cujo nome não é citado durante a série inteira). Devido à morte de sua mãe quando ainda era criança, seu pai caiu no mundo da bebida e dos jogos, e a relação entre ele e Tomoya foi ficando cada vez mais distante, até que ambos deixaram de se considerar parentes.

Todos esses problemas foram fazendo com que Tomoya adquirisse o hábito de cabular aulas, se meter em brigas e desafiar autoridades, o que apenas colaborava para sua imagem de deliqüente.

Um dia, quando estava a caminho da escola, Tomoya acabou encontrando uma garota falando sozinha e decide responder a um dos monólogos indagados por ela. Tomoya então conhece Nagisa Furukawa, uma garota um tanto quanto lerda e inocente, cujo objetivo atual é reabrir o clube de teatro da escola e um dia se tornar atriz.

Tomoya decide ajudá-la por algum motivo estranho (até mesmo para ele) e vai descobrindo aos poucos que sua vida está sofrendo uma enorme mudança.

Pode se dizer que Clannad é uma mistura de Air com School Rumble, com uma comédia pastelão unida a momentos dramáticos. Isso até que não é uma má combinação, se tivesse sido um pouco melhor trabalhada e organizada.

Os primeiros episódios são maçantes e sem graça, com acontecimentos um tanto corridos e várias tentativas de comédia frustradas e repetitivas. A impressão que se tem é que a história não vai a lugar algum, porém vale a pena agüentar até o episódio 4, quando Clannad começa a mostrar realmente a que veio, com o surgimento de momentos realmente cômicos e maior carga dramática.


Ao longo da série somos apresentados a vários personagens (a maioria feminina) que a princípio parecem ser apenas personalidades estereotipadas de animes do gênero comédia/ecchi, mas logo descobrimos que estes personagens, na verdade, são bem trabalhados e, muitas vezes, até convincentes, o que acaba contribuindo muito para o carisma de Clannad, que é justamente a característica mais marcante da série.

Temos a durona Kyou, que está sempre com o seu dicionário em mãos para arremessar em qualquer indivíduo que esteja mexendo com ela ou sua irmã gêmea Ryou; o pobre Sunohara, melhor amigo de Tomoya que sempre cai em suas pegadinhas e é feito de gato e sapato por todos; a introvertida e estranha Kotomi, que chega a estourar os tímpanos de qualquer ouvinte quando toca o violino, e por aí vai...

O visual é simplesmente de tirar o fôlego, com um uso de cores e cenários bonitos e expressivos, além de uma animação muito fluida (com destaque para a primeira cena do anime) que não cai em momento algum da série, assim como em seu “antecessor” Air.

A trilha sonora não é nada muito marcante, com apenas uma ou duas músicas de fundo orquestradas que chamam a atenção, porém o resto passa praticamente despercebido (tem até algumas músicas em formato midi, provavelmente retiradas do game, porém estas são simplistas e nada chamativas).

Apesar do ritmo monótono dos episódios inicias, Clannad parecia ter tudo para se tornar uma ótima obra como Air ou Kanon... Pena que esse não foi bem o caso.

A história é dividida em arcos, cada um deles contando a história particular de um dos personagens, o quê foi uma provável tentativa de reproduzir a maioria dos acontecimentos do game no anime. O problema é que quase toda a primeira metade do anime é dedicada apenas a dois arcos, ou seja, a história de duas personagens. Apesar desses dois arcos não serem ruins e contarem histórias interessantes e dramáticas (sendo que o final do segundo é um tanto absurdo e não muito convincente), o enredo principal parece ficar totalmente esquecido, só voltando no episódio 15, onde todo o restante de personagens têm arcos curtos se comparados com os dois anteriores. Porém, os arcos mais curtos dão um pouco mais de espaço para a história principal, já que vão acontecendo mais ou menos simultaneamente e são necessários para que o essencial se desenvolva.

Mesmo tendo problemas de organização no enredo relativamente graves e um final meio simplista, Clannad ainda é um bom anime para dar uma descontraída sem perder os neurônios, com uma história cativante e carismática, que fala sobre a importância de se ter uma família (seja ela de parentes ou amigos), como é importante ter em quem confiar nos momentos mais difíceis e, principalmente, sobre como devemos perseguir nossos sonhos e ambições, apesar de às vezes ser necessário sacrificá-los por um bem maior.



É o típico anime para se assistir em dias chuvosos ou depois de uma longa jornada de trabalho.

PS: Apesar de ainda não ter uma data de lançamento, já foi confirmada a produção de uma seqüência da série, “Clannad After Story”, que se passa após todos terem se formado na escola.


Lucas Funchal