sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Diebuster (OVA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 20/03/2007

Alternativos: Aim for the Top 2!, Top Wo Nerae 2!, Gunbuster 2
Ano: 2003
Diretor: Kazuya Tsurumaki
Estúdio: Gainax
País: Japão
Episódios: 6
Duração: 27 min
Gênero: Mecha / Comédia / Drama



Quem diria que, depois de um começo tempestuoso e totalmente incerto e descrente, a Gainax se tornaria o estúdio que é hoje. Em comemoração aos 20 anos da empresa, nada melhor do que comemorar com uma grande festa, ou, no caso, fazer um anime comemorativo.

Produzido em 2003 por Gainax, Bandai Visual e JVC Entertainment, DieBuster é um OVA de 6 capítulos em homenagem ao primeiro anime de "sucesso" da Gainax, GunBuster, também considerado por muitos o "marco-zero" da onda do termo "fan-service".

Durante um descomunal ataque alienígena, DieBuster conta a história de Nono, uma garota extrovertida e muito carinhosa que decide fugir de casa e vai para a cidade grande tentar realizar seu sonho de ser uma piloto... começando como uma desastrada faxineira em um barzinho qualquer. Sem querer, ela acaba conhecendo a fria e fechadona Raruko, que pertence ao seleto time de pilotos de Buster Machines, as armas mais poderosas já criadas pela humanidade no combate aos alienígenas, as quais Nono sonha em pilotar.

No quesito técnico, DieBuster é empolgante e grandioso. A movimentação dos personagens é muito boa e permanece assim do início ao fim. O estilo futurista ficou muito bom e envolvente, mas você também acaba percebendo alguns claros desníveis como, por exemplo, em pleno futuro pessoas usando máquinas fotográficas comuns, mas nada que chegue a "contaminar" o resto do ambiente. Todas as batalhas são grandiosas e de proporções faraônicas, até planetas inteiros são usados como armas nas batalhas, e o uso de efeitos 3D com trabalho manual ficou excelente. A trilha sonora segue o mesmo nível, normalmente orquestrada e também composta de instrumentos de sopro, algumas lembrando um pouco o estilo musical utilizado em documentários de Segunda Guerra. Os efeitos sonoros são tão megalomaníacos quanto as situações retratadas nos combates, atingindo ótimos resultados. Outro fator que merece destaque é a variedade de cenários. Em raríssimas exceções você verá o mesmo cenário sendo utilizado em mais de 2 capítulos. DieBuster tem diversos momentos de imensa criatividade, um trabalho primoroso capaz de deixar o expectador várias vezes "de boca aberta".


A história é bem desenvolvida e não apresenta desníveis em relação a momentos de seriedade, desespero e emoção. Outro ponto muito forte são algumas poucas semelhanças com GunBuster, dando a este anime uma personalidade própria, ao invés de parecer apenas um "remake" descarado. A baixa quantidade de diálogos e situações puramente inúteis beneficia muito a obra.

Entretanto, muitas coisas inexplicaveis (pra não dizer inaceitáveis) só são desvendadas mais tarde, fazendo com que o anime pareça menos inteligente nos primeiros capítulos. Enquanto GunBuster tenta ser um anime mais obediente às leis da física, DieBuster não tem a menor preocupação em seguir este princípio, chegando ao pleno exagero, como um personagem lutar e falar com a maior normalidade enquanto está em órbita, sem ficar asfixiado pelo vácuo do espaço, e nenhum outro personagem "normal" achar estranho. Momentos de super-heroísmo são irrestritos, deixando até mesmo um certo gosto de infantilidade algumas vezes. Apesar destas falhas características de animes "para todas as idades", como todo anime Gainax, este está recheado de "fan-service", até nas horas mais dramáticas ele está presente, desde lutas contra inimigos até em tentatívas de estupro.

Se ignorarmos os exageros e os excessos de heroísmo, DieBuster é um anime que, de fato, impressiona do inicio ao fim e é capaz de prender a atenção do espectador. Personagens marcantes, história e enredo interessante e de fácil compreensão, imagens singulares e a capacidade de deixar o espectador perplexo com a imensa força e grandeza inimiga. É difícil assistir a DieBuster sem soltar interjeições. Se o objetivo dos produtores era criar um anime de grande impacto, certamente conseguiram atingir o alvo.



Como é de se esperar, DieBuster tem um final maravilhoso, pomposo, muito emocionante e de proporções intergaláticas. Não é em preto-e-branco, como em GunBuster, mas fecha o OVA com "chave de ouro". Se você gosta de batalhas grandiosas, armas incríveis e momentos cruciais de grande emoção sem se importar se já estão passando dos limites ou não, DieBuster é, de fato, a melhor escolha para comemorar o aniversário da Gainax. Ao menos em uma coisa ele não exagera: para a força de uma amizade, o universo não é o limite.


Emanuel Silva Sena