sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Dinosaur King (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 10/09/2010

Alternativos: Kodai Ōja Kyōryū King D-Kids Adventure
Ano: 2007
Diretor: Katsuyoshi Yatabe
Estúdio: Sunrise
País: Japão
Episódios: 49
Duração: 25 min
Gênero: Aventura / Infantil



Imagine um anime de comédia voltado para crianças de 6~11 anos com vilões atrapalhados e muitas batalhas entre gigantescos dinossauros em 3D. Cuidado, pode não ser bem isso que você imaginou...

Produzido em 2007 por Sunrise, Dinosaur King é uma série televisiva baseada em um jogo de cartas homônimo da Sega lançado em 2005, com versões para Nintendo DS e Arcades. Tanto o jogo quanto o anime foram feitos com clara inspiração em outras séries de sucesso como Digimon e Pockemon, em que crianças capturam e colecionam pequenos animais cujos corpos sofrem transformações agressivas através do acionamento de aparelhos específicos para essa finalidade, tornando-os assim verdadeiros guerreiros. Em Dinosaur King, entretanto, os tais animais são espécies de dinossauros que aparecem na forma de cartas, e que podem ser trazidos de volta à vida quando acionados por um leitor de cartões especial, que os faz materializar-se no mundo real.

Max, Rex e Zoe são três crianças que caçam dinossauros que, curiosamente, aparecem no nosso tempo. Mas além deles, a Gangue Alfa, uma facção secreta ”do mal“, também está à caça desses animais para utilizá-los em seus planos nefastos, e cabe aos nossos heróis impedi-los.

Apesar de se tratar de uma produção da renomada Sunrise, a parte técnica conta com fortes desníveis, com alguns episódios com um padrão visual interessante e, mais tarde, decaindo vertiginosamente, num claro sintoma de corte de verba por parte dos produtores. Não que a qualidade de movimentação do elementos na tela, colorismo e construção de cenários e personagens estivesse acima da média, nem tanto... Mas depois de alguns poucos capítulos estes itens sofrem visíveis perdas de qualidade. No geral, não há muita inspiração no layout dos personagens e cenários, com traço simples e baixo nível de detalhamento. Não estou bem certo se o público ao qual o anime se destina se incomodará com esse fato, mas mesmo assim é um ponto bastante negativo.

No departamento sonoro não há muito destaque, estando apenas bastante adequado à sua proposta, mas nada além do esperado. Poucas músicas e efeitos sonoros medianos, oscilando para o medíocre quando nas cenas de batalha. Na versão ocidental, algumas mudanças ocorreram neste departamento, em que nem todas as músicas originais foram utilizadas nos seus respectivos capítulos, como retomarei mais adiante.


Por falar em batalhas, essa é uma característica que merece destaque: o anime é todo feito em ”2D“, mas quando acontecem as batalhas, as lutas entre os dinossauros são completamente feitas em animação 3D. Isto por si só já é um ponto marcante, mas o que poderia ser um diferencial muito positivo acaba sendo mais um problema.

A renderização das imagens e a modelagem dos elementos usam técnicas ultrapassadas, a movimentação dos personagens é dura e os animais parecem não ter peso. A câmera voa descontrolada pelos cenários nos capítulos ”mais caros“ e abraça a monotonia nos ”mais baratos“. Os cenários são outro ponto falho, pois as lutas acontecem em várias partes do mundo, mas raramente os cenários que acompanham as batalhas 3D realmente acompanham o lugar retratado, fazendo o espectador crer que tudo acontece em um mundo paralelo genérico padronizado quando, na verdade, não é o que ocorre. Outro agravante é que elas também decaem em qualidade no decorrer da série, fazendo com que o número de quadros de animação seja diminuído, piorando o que era no máximo bom. Levando em consideração a ótica de uma criança, acho pouco provável que seu público ao menos perceba estes problemas.

O enredo em todos os capítulos é basicamente o mesmo: um grupo de amigos ”do bem“ que viaja pelo mundo todo, fazendo várias amizades pelo caminho e passando por desafios que envolvem amizade, compaixão, amor, etc, enquanto procuram por novos dinossauros, ao passo que a Gangue Alfa arma os maiores e piores planos para roubar os dinossauros dos outros treinadores e entregá-los ao ”chefe“. Será que há alguma semelhança aqui com o enredo de Pokemon?! Mesmo assim, alguns personagens conseguem cativar e os capítulos no geral são bem construídos e muitas vezes conseguem cumprir o dever de divertir o espectador. Infelizmente, o rítmo é quebrado por capítulos chatos ou relativamente inúteis. No final de cada capítulo há uma contagem crescente de novos dinossauros descobertos/capturados pelos heróis.

No Ocidente, o anime foi distribuído pela 4Kids, e como é tradição na empresa, dezenas de mudanças e cortes foram feitos em partes que a empresa considerou inadequadas à faixa etária de seu público, inserindo, cortando e alterando desde cenas de fan-service até elementos sócio culturais, nomes e trilha sonora.


Dinosaur King poderia se destacar bastante entre a quantidade de animes com esse formato que existem hoje. Entretanto, a baixa qualidade no único diferencial que ele tinha a oferecer não deixa outra escolha além da inevitável extinção. Para o público o qual ele pretende atingir, certamente é um ótimo anime, pois duvido muito que uma criança em idade pré-escolar vá se importar, ou mesmo perceber, os problemas contidos na série, tanto que uma sequência de Dinosaur King foi lançada logo depois do término da primeira.


Emanuel Silva Sena