segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Lovely Complex (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 11/08/2009

Alternativos: LoveCom
Ano: 2007
Diretor: Kônosuke Uda
Estúdio: Toei Animation
País: Japão
Episódios: 24
Duração: 24 min
Gênero: Comédia / Romance



Lovely Complex, também conhecida por "Lovecom", é uma série baseada no mangá de Aya Nakahara, animada pelo estúdio Toei Animation. Foi feito também um filme baseado na série, com atores reais, e um jogo para Playstation 2. Foi exibido no Japão de abril a setembro de 2007, contendo 24 episódios.

O anime conta a história de Koizumi Risa, uma adolescente viciada em videogames de encontros e ligeiramente alta para sua idade (tem 15 anos e já tem 1,70m), e de Otani Atsushi, que é justamente o contrário: ele é um garoto baixinho (mede cerca de 1,56m), porém têm gostos e personalidades parecidos. Os dois, por exemplo, são viciados no Rapper Umibozu, que toca um terrível "J-rap"(rap japonês). As constantes discussões de Otani e Koizumi os fizeram ser conhecidos como 'All Hanshin-Kyojin', uma referência a uma famosa dupla de comediantes do Japão. A trama começa quando Otani (o baixinho) percebe que Koizumi (a garota alta) gosta de um garoto chamado Suzuki. Ele resolve ajudá-la mas, em troca, ela terá que lhe apresentar Chiharu, uma tímida amiga da Koizumi. Os 4 saem juntos, mas Chiharu acaba gostando de Suzuki, frustrando os planos da dupla protagonista, mas deixando a "dupla de comediantes" cada vez mais unida.

Porém, o complexo de altura dos dois é o maior inimigo da relação, pois na sociedade japonesa também há o estereótipo de casal em que o garoto seja alto, e a garota, mais baixa do que o garoto.

Bom, apesar de ser animada pela Toei Animation, famosa pela economia excessiva em animação, "Lovecom" tem uma qualidade visual excelente, cores vivas, sombras e brilho, sem deixar a qualidade dos traços cair em nenhum episódio. Os dubladores foram bem escolhidos e a trilha sonora cumpre seu papel. As aberturas são bem legais, com "J-pops" bons.


A história, apesar de ter alguns clichês do gênero, não "força a barra", se desenvolve naturalmente para os padrões japoneses, mas para os brasileiros, pode ser um pouco lento demais, pois no Japão as relações acontecem de um jeito parecido com o tempo dos nossos avôs. A moda "ficar" está “a anos-luz” de chegar naquelas terras, a coisa por lá é demorada, com conquistas e as pessoas se fazendo de difíceis (posso estar errado, mas hoje no Brasil não existe esse negócio de "difícil": ou quer ou não quer, ninguém esta a fim de insistir muito). Vocês podem estar me perguntando "por que descrevi tudo isso?". Para vocês entenderem que este anime nada mais mostra do que o ritmo normal do Japão, isto é, nada de artificialidade para deixar o anime romântico ou enrolado demais.

Para quem já viu animes do gênero, aqui vai um motivo para assistir a este: a história se desenrola, uma coisa meio rara, pois a maioria dessas “comédias românticas anime” começam do mesmo jeito que terminam, ou deixam para desenrolar tudo no ultimo episódio, deixando os fãs frustrados no final das contas. Mais do que conquista, esse anime também trata da relação entre casais adolescentes.

O ritmo do anime é bom no começo, e ele começa a ficar enrolado demais no meio, mas ainda deixa um espaço para desenvolver personagens secundários, como o casal de namorados Nobuko e Nakao, que são a maior ajuda para tentar unir o casal principal, e a personagem Seiko, que se apaixona por Otani mas tem um grande problema que só assistindo para saber. Os episódios finais compensam a enrolação: aposto que poucos ou ninguém ficará decepcionado, pois a história termina com aquele gosto de "quero mais".

O grande chamativo do anime é a questão dos estereótipos que a sociedade coloca, e como é difícil vencê-los. O que impede uma garota alta de se apaixonar por um garoto baixo?! A sociedade coloca isso como se fosse impossível, porém trata-se de um tabu totalmente imbecil, como vários outros.

No final, o anime ainda toca no assunto da indecisão dos jovens quando saem do colegial, como "O que fazer da vida?", "Faculdade?", "Cursos técnicos?" e outras dúvidas que todos nós já tivemos ou teremos um dia.



Conclusão:
Apesar dos clichês e da enrolação no meio da série, a trama é cativante, não tem como não torcer pelos dois ficarem juntos, superando todos os complexos e estereótipos. O anime tem seus momentos de drama, mas não são longos, nada daquela choradeira e tristeza eterna que nós vemos em Fruits Basket, por exemplo. Em "Lovecom", os momentos de tristeza e alegria são bem intercalados, sem serem muito cansativos. A comédia é um pastelão politicamente correto, nada que se destaque muito ou faça alguém morrer de rir. É um ótimo anime, talvez não agrade quem não goste de romances, pois a obra se baseia basicamente nessa temática, mas para quem não se importa ou gosta, "Lovecom" é recomendadissímo, a melhor comédia romântica anime de 2007 até o final desta edição. Quem gostou, saiba que um "spin-off" chamado "Lovely Complex Deluxe" será lançado em mangá. Trata-se de uma história que se passa no mundo de Lovely Complex, com os personagens da série anterior como coadjuvantes.


Artur Antunes (Ghosturbo)