segunda-feira, 7 de novembro de 2016

The Legend of the Legendary Heroes (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 30/09/2011 


Alternativos: Densetsu no Yuusha no Densetsu, Denyuuden
Ano: 2010
Estúdio: ZEXCS
Diretor: Itsuro Kawashi
País: Japão
Episódios: 24
Duração: 24 minutos
Gênero: Drama/Comédia/Fantasia/Guerra



"Light novels" (uma espécie de livro ilustrado) têm se tornado uma frequente fonte de inspiração para séries animadas japonesas. Para citar só alguns, temos “Kara no Kyoukai”, “Shakugan no Shana”, “Suzumiya Haruhi no Yuutsu”, “To Aru Majutsu no Index”, “Durarara”, “Bakemonotogari”, e mais um monte. “The Legend of the Legendary Heroes” (Densetsu no Yuusha no Densetsu no original japonês, ou apenas “Denyuuden”) é mais um desses animes que nadam na onda das adaptações de "light novels", tendo se baseado nos 11 volumes originais escritos por Takaya Kagami.

Em um mundo fictício, o país de Roland está uma tremenda bagunça. O rei e nobres tiranos governam o povo de maneira opressiva e estão levando o país para o buraco. É nesse país que vive Ryner Lute, um cara que, à primeira vista, parece não passar de um mau aluno preguiçoso e reclamão na Academia Militar Especial de Roland, mas que já foi conhecido como o maior mago do país. O motivo disso é que Ryner é um portador de “Alpha Stigma”, algo que faz com que seus olhos tenham o poder de decifrar qualquer tipo de técnica mágica para uso posterior. Porém, portadores de Alpha Stigma geralmente se descontrolam quando passam por qualquer tipo de choque psicológico, destruindo tudo à sua frente, o que faz com que ele sofra um terrível preconceito, sendo inclusive chamado de monstro.

Na Academia, Ryner conhece o prodígio Sion Astal, que almeja tornar-se o próximo rei de Roland e mudar toda a natureza podre do país. Dito e feito: depois de uma série de acontecimentos, Sion se torna rei, enquanto Ryner é sentenciado à pena de morte e, durante o período em que se encontra na prisão, elabora uma pesquisa sobre as “Relíquias Lendárias”. Depois de ler essa pesquisa, Sion o livra de sua sentença para que viaje em busca dessas relíquias, juntamente com a espadachim Ferris Eris.

O começo do enredo é basicamente isso e, apesar de parecer meio clichê, logo se mostra razoavelmente complexo e recheado de personagens cativantes e muito bem construídos. No entanto, apesar desta observação positiva, LotLH possui problemas de ritmo e falta de um rumo concreto.

O que acontece é que o anime gasta muito tempo construindo as bases da história, algo que com certeza contribui para a monotonia presente em alguns episódios da série. Somos apresentados a muitas explicações entre as relações/conflitos políticos dos diferentes reinos (apesar de quase a história inteira se passar em Roland) e várias sub-tramas de diferentes personagens, enquanto o suposto essencial da história (a jornada de Ryner e Ferris em busca das relíquias) parece nunca andar pra frente. Ryner e Ferris simplesmente não fazem progresso nenhum durante metade da série, chegando num ponto em que as tais relíquias lendárias não passam de um elemento em segundo plano na história.


Do lado positivo, porém, temos ótimos personagens para nos entreter aqui. A grande maioria é muito carismática e tridimensional, ou seja, não cai em clichês baratos e passam uma sensação “realista e convincente” para esse mundo de fantasia, além de alguns passarem por um visível desenvolvimento de caráter durante a série, com grande destaque para Sion, um rei que, apesar da imagem de herói benevolente, se encontra à beira de um total ataque de nervos frente a uma tarefa que vai se tornando cada vez mais impossível.

A animação é mediana na maior parte do tempo, mas em alguns episódios a qualidade cai drasticamente, mostrando que o orçamento do anime não era lá essas coisas, além de uma certa instabilidade geral para com a proporção e detalhe dos rostos. O design de personagens é bom o suficiente, porém alguns personagens são muito parecidos ou praticamente iguais. A ambientação em geral é bem básica, não saindo muito dos cenários padrões de “fantasia medieval”.

A trilha sonora não chega a empolgar muito, seja nas músicas de fundo ou aberturas/encerramentos (exceto, talvez, pela abertura “Last Inferno”). Não é que sejam ruins, apenas fazem seu trabalho. Os dois encerramentos, inclusive, parecem ser quase iguais aos meus ouvidos.

Lá para o fim da série, os acontecimentos finalmente vão se tornando cada vez mais interessantes e tudo culmina em um ótimo clímax para... de repente, acabar. Acontece que, depois de pesquisar, descobri que LotLH é na verdade um enorme prólogo para sua continuação, “Legend of the Great Heroes of Legend” (nome desnecessariamente grande, não?), logo o último episódio praticamente implora por uma continuação.



No fim das contas, Legend of the Legendary Heroes é um anime muito recompensador caso você esteja disposto a ter alguma paciência para com o ritmo meio descompassado da série. Supondo que esses 24 episódios serviram para preparar o terreno para o que vem em seguida, basta ter a esperança de que uma continuação animada surja algum dia.


Lucas Funchal