segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Tsubasa Reservoir Chronicle (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 30/08/2008


Alternativos: Tsubasa Chronicles
Ano: 2005
Diretor: Koichi Mashimo
Estúdio: Bee Train
País: Japão
Episódios: 26
Duração: 23 min
Gênero: Aventura / Romance / Fantasia



O grupo CLAMP é altamente conhecido entre a maioria dos fãs de animes. Com várias obras de sucesso como X-1999, Chobits, Sakura Card Captors, entre outros, as garotas da CLAMP conseguiram deixar a sua marca no mundo dos mangás e animes. Tanto que, apesar da maioria de seus trabalhos serem shoujos e contarem com histórias um tanto quanto simples, até mesmo os meninos mais metidos a ”machos“ chegam a gostar de seus contos (alguém se lembra do sucesso que Sakura Card Captors fez? XD).

Tsubasa Reservoir Chronicle é um dos mais novos mangás da CLAMP e ainda está sendo publicado no Japão, tendo sua versão animada produzida pelo estúdio Beetrain (.hack//, Noir).

O interessante dessa série é que quase todos os personagens usados são na verdade ”Crossovers“, ou seja, personagens que já apareceram em outras histórias da CLAMP e que são reciclados e re-utilizados em Tsubasa.

A história começa assim:

No pacífico reino de Clow (alguém aí se lembra do mago Clow de SCC? =]), mora um garoto chamado Syaoran (ou Shoran na versão brasileira), um jovem aspirante à arqueólogo devido à influência de seu falecido pai adotivo, Fujitaka Kinomoto (o pai de Sakura em SCC).

Mas isso não é tudo. Além de ser um jovem arqueólogo, Syaoran também tem uma forte amizade de infância com a princesa do Reino, Sakura (isso mesmo, é a Sakura que você está pensando). Os dois possuem um sentimento de amor recíproco, mas nenhum deles tem coragem de tentar se declarar, ainda mais com o irmão de Sakura e rei de Clow (Touya) não aprovando muito a relação entre os dois.

Enquanto isso, em um mundo paralelo, vive o ninja Kurogane, uma pessoa esquentada e impaciente que tem gosto por lutas. Por causar tantas mortes e lutas desnecessárias, acaba por ser banido de seu mundo pela princesa Tomoyo, que também coloca um selo mágico sobre ele, o qual diminui o poder de Kurogane a cada pessoa que ele mata.

Em algum outro mundo paralelo, vive o mago Fay. Ele parece ter feito algo ruim com alguém e resolve deixar sua leal companheira Chii (Chobits) cuidando dessa pessoa que ele aparentemente pôs para dormir. Assim, ele usa sua mágica para fugir de seu mundo.

Voltando para Clow, as ruínas finalmente foram escavadas e uma entrada para seu interior foi encontrada. Syaoran é quem foi explorá-las por dentro na noite do mesmo dia. Enquanto explorava as ruínas, Syaoran acaba se deparando com Sakura, que aparece ali do nada. O chão então começa a tremer e uma passagem se a abre, à medida que asas (Tsubasa em japonês) brilhantes vão aparecendo nas costas de Sakura, que logo se dispersam pelo céu.

Devido a certas circunstâncias, Syaoran e Sakura acabam por serem enviados para outro mundo a fim de conversar com a ”Bruxa das Dimensões“, uma pessoa que pode ajudar Sakura (que depois dos acontecimentos se encontra desacordada e fria).


Ao se depararem com a tal bruxa (cujo nome verdadeiro é Yuko), chegam, ao mesmo tempo, Kurogane e Fay. Yuko explica que as penas nas asas de Sakura eram, na verdade, fragmentos de sua memória/alma e que sem estes ela iria morrer. Ela ainda diz que essas penas se dispersaram por mundos/dimensões diferentes e que é preciso um poder de transcender por esses mundos para recolhê-las e salvar a princesa. Kurogane e Fay também desejam o mesmo poder, um para voltar a seu mundo e outro para ficar o mais longe possível do seu.

Porém, para obter tal poder, é preciso pagar um preço a altura, que são as coisas mais preciosas para cada um. Kurogane e Fay pagam com suas espada e tatuagem respectivamente (ambas estimadas por motivos desconhecidos) e Syaoran paga com as memórias que Sakura tem com ele, ou seja, mesmo recuperando todas as penas, a princesa nunca se lembrará de Syaoran.

Tendo todos pagado o devido preço, eles recebem Mokona (Guerreiras Mágicas de Rayearth), uma criatura redonda e branca que tem o poder de viajar pelos mundos com o grupo, mas que não tem controle sobre qual mundo eles irão chegar.

Assim, eles viram companheiros de viagem devido às circunstâncias, com o objetivo de recuperar as penas de Sakura, já que Kurogane não tem nada mais o que fazer enquanto não voltar para seu mundo e Fay não tem nenhum objetivo traçado a não ser viajar para qualquer lugar longínquo.

E é isso aí, o resto da história gira em torno disso mesmo: viajar por várias dimensões diferentes para achar as penas de Sakura. Apesar de ser algo demasiado simples, o modo como a história é apresentada e desenvolvida é bem intrigante, já que não são apenas várias crônicas aleatórias com um final feliz e sim histórias que servem para vários elementos do enredo se desenvolverem (como o relacionamento entre os integrantes do grupo).

Alguns mistérios são cultivados durante toda a história, como as duas pessoas que ficam observando tudo o que o grupo faz através de um espelho em um quarto escuro, o passado de cada um dos protagonistas, os motivos de cada um para serem do jeito que são, etc...Porém nada muito ambicioso.

Por falar nisso, a falta de ambição no enredo é o que parece não faltar, pois a maioria das histórias são demasiado infantis. Nada muito complexo ou extremamente interessante, apenas divertido. É interessante perceber a criatividade da CLAMP em criar uma obra como essa, onde cada mundo é bem diferente e utiliza de vários personagens de outras histórias conhecidas e desconhecidas feitas pelas garotas.

Visualmente, Tsubasa não é nada de grande destaque, tendo uma qualidade de animação satisfatória para os padrões atuais. O único porém é justamente o traço da CLAMP, que parece ter passado por severas modificações, sendo que todos os personagens tem braços e pernas longos e finos, chegando a parecer que são feitos de borracha. Mas isso não é lá um grande problema, já que é fácil se acostumar com esse novo estilo.

A trilha sonora é de longe um dos maiores destaques da série, como várias músicas memoráveis como ”Blaze“ e ”A Song of Storm and Fire“, sendo esta última composta por Yuki Kajiura, que ficou a cargo de várias outras músicas de fundo.

Como esta é a primeira temporada, o final fica em aberto, sendo a última crônica melhor que todas as anteriores, adicionando mais alguns mistérios à trama.



No geral, a primeira temporada de Tsubasa é divertida e cativante, mas nada muito ambicioso e com um caráter pra lá de infantil. Se você gosta das histórias da CLAMP ou está procurando algum anime mais simples que não seja nem tão complexo e nem tão estúpido, Tsubasa é uma ótima pedida. 


Lucas Funchal