Ano: 2013
Estudio: Lerche
Diretor: Seiji Kishi
País: Japão
Episódios: 13
Duração: 24 min
Gênero: Mistério, Horror
Enquanto há uma discussão global em torno da onda de violência que parece crescer no mundo, em especial no ocidente, uma pergunta surge: E se a violência pudesse ser de alguma forma... divertida? Empolgante? Legal? Já se permitiu pensar nisso?
Produzido por SpikeChunsoft e Studio Lerche, Danganronpa the Animation é um anime promocional baseado no jogo de videogames “Danganronpa: Trigger Happy Havoc” lançado em 2010 para PlayStation Portable. Devido ao imenso sucesso do jogo, este acabou sendo adaptado para quase todo tipo de mídia possível no Japão, como light novels, mangás, e no anime que está a ser resenhado. Vale salientar que o anime segue religiosamente os acontecimentos e reviravoltas do jogo, com suas devidas adaptações e cortes para o formato.
Em Danganronpa somos apresentados a Naegi, um estudante que foi aprovado no vestibular da universidade mais cobiçada e desejada do Japão, a Universidade Topo da Esperança. Aqui os estudantes são selecionados não apenas por suas notas, mas principalmente por suas qualidades especiais e personalidade, e se estas podem ser interessantes para a instituição. Então temos estudantes que são os melhores em “natação” e “informática” estudando lado a lado com os melhores em “líder de gangue de motos” e “jogador de jogos de azar e cassino”... Entretanto, no primeiro dia de aula, algo estranho lhe acontece, e Naegi acorda em uma sala vazia e escura, com as paredes tampadas com poderosas placas de metal. Mas logo o diretor da universidade aparece para esclarecer o que está acontecendo… Ou seria piorar a situação!? Bem, continuando...
O diretor trata-se do mítico e sarcástico Monokuma, um urso de pelúcia baixote metade preto metade branco e de voz engraçada. Ele explica que, a partir daquele momento, todos os estudantes deverão viver para sempre dentro do colégio e nunca mais poderão sair ou ter qualquer tipo de contato com o mundo externo pelo resto de suas vidas. Entretanto, aqueles que quiserem “se graduar” ou mesmo largar os estudos e ir embora devem cumprir uma simples cláusula: matar um de seus colegas de classe sem ser descoberto. E o pior é que isso nem é a metade do problema que vão ter que resolver...
Tanto o jogo quanto o anime Danganronpa consistem num enredo de basicamente duas fases: uma em que acontece um assassinato e os sobreviventes precisam vasculhar e investigar, e outra que seria o “desafio de classe”, uma espécie de teste ao qual os alunos juntam as suas provas coletadas para descobrir quem seria entre eles o assassino. Ao contrário do que possa ser o usual em uma produção com um plot desse (atmosfera pesada, músicas assustadoras, lugares muito escuros, etc), Danganronpa leva tudo na “brincadeira”, cheio de músicas divertidas e muitas piadas de humor negro. O interessante é que os personagens em momento algum embalam no clima de descontração, ao passo que Monokuma “deita e rola” no sofrimento e na angustia deles, fazendo com que este anime tenha recepções distintas entre aqueles que o acham “absurdo” e “assustador” e aqueles (como eu… Ops! Cofcof...) que o adoram justamente pelo seu humor questionável e subversivo.
Danganronpa conta com uma qualidade de produção um tanto anacrônica. Temos um personagem principal absolutamente genérico (Naegi) com um design que beira um rascunho, cercado de um mix de outros personagens muito curiosos cheios de estilo e profundidade; Os cenários são repetitivos e sem muito o que observar, mas conforme a história avança, novos lugares são “destravados” e desbravados pelos personagens; A animação e movimentação dos personagens é simples e correta, mas há um sem número de efeitos visuais e vinhetas por toda a parte; Na parte sonora há apenas o necessário para cumprimento da cena, mas há uma seleção de músicas facilmente grudentas que combinam perfeitamente com os acontecimentos da trama: destaque para a abertura e encerramento – sendo que o encerramento muda alguns “detalhes” conforme a história avança, mudanças aliás que só vão fazer algum sentido lá pelos momentos finais do anime.
Infelizmente, é difícil falar sobre Danganronpa sem fazer spoilers, até mesmo selecionar imagens é complicado, pois as melhores cenas normalmente são de momentos-chave em que é melhor que o espectador descubra sozinho. O que dá pra informar é que o grande brilho de Danganronpa são seus personagens e a progressão da história. Por mais genéricos e maniqueístas que pareçam ser num primeiro momento, pouco a pouco descobrimos seus segredos e detalhes, culminando em um final completamente impensável e tão absurdo quanto as piadas de Monokuma.
Os problemas de Danganronpa, além dos já citados, são pontuais no geral, sendo o maior deles seu próprio humor, que pode ser facilmente ofensivo em diversas vezes, além de algumas motivações que podem parecer estranhas e forçadas de alguma maneira.
Danganronpa tem um charme muito especial, mas sombrio. Se você gosta de produções mais subversivas como “The Oblongs” ou “Detroit Metal City”, só para citar dois, provavelmente você vai gostar muito deste aqui. Um anime no mínimo curioso e interessante, mas que as vezes precisa ser corretamente digerido pelas suas loucuras que, para uns não são nada demais, mas pra outros... Enfim! Boa sessão!
Emanuel Silva Sena