Ano: 2000
Diretor: Kunihisa Sugishima
Estúdio: Studio Gallop
País: Japão
Episódios: 224
Duração: 24 min
Gênero: Ação / Comédia / Fantasia
Yu-Gi-Oh! é uma franquia que inclui animes, mangás, filmes, bonequinhos e mais um monte destas coisas que os japoneses amam. Tudo isto é baseado nos mangás e no card game homônimo. Existem várias series de anime em Yu-Gi-Oh!. A primeira, chamada apenas Yu-Gi-Oh!, contém 27 episódios e vai do volume 01 a 07 do mangá. Pelo que eu saiba, nunca foi exibida fora do Japão. Yu-Gi-Oh! Duel Monsters é a que ficou mais famosa, sendo inclusive exibida no Brasil por emissoras da TV aberta e privada. Vai da edição 08 do mangá em diante, teve 224 episódios, e é sobre ela que esta review trata. Há também as series Yu-Gi-Oh! Duel Monsters GX, um spin-off, e Yu-Gi-Oh! Capsule Monsters, uma serie curtinha de 12 episódios com os protagonistas de Duel Monsters em um mundo onde monstros de duelo são reais. Além destas há Yu-Gi-Oh! 5D’s, a mais recente, com um novo protagonista e novas cartas.
Não há como falar de Yu-Gi-Oh! sem falar no card game. Os animes são feitos principalmente para vendê-los, então ambos estão intimamente interligados. Pra quem não sabe, Trading Card Games são jogos de cartas colecionáveis, onde montam-se decks (baralhos) para batalhar contra outros colecionadores. O primeiro jogo do gênero, que é o mais famoso até hoje, foi Magic: The Gathering, com legiões de fãs e cartas que valem centenas de dólares. Magic foi inovador ao dar uma utilidade para coleções de cartas, hábito muito comum nos EUA, principalmente com cartas de jogadores de beisebol e basquete. Logo depois de Magic vieram vários outros card games, sendo os mais famosos Senhor dos Anéis TCG, Pokemon TCG e Yu-Gi-Oh! TCG. O último é conhecido pelo desequilíbrio do jogo, favorecendo aos que têm o melhor deck, ou seja, aos que gastaram mais. Claro, ter um bom deck e gastar com cartas raras é a alma de todo TCG, mas em Yu-Gi-Oh! o fator estratégia é mínimo se comparado a outros jogos. A grande vantagem de Yu-Gi-Oh! é a simplicidade das regras e o visual das cartas estilo anime mas, ainda assim, com temática mais séria que Pokemon, por exemplo. Não vou explicar o jogo aqui, pois gastaria bastante espaço e as regras podem ser facilmente encontradas na internet.
A história é que havia um jogo no antigo Egito, 5000 mil anos atrás, em que os Faraós se atacavam conjurando monstros através de magia (pra mim, no Egito, havia só um faraó por vez, mas deixa pra lá). Um destes faraós lacrou o poder deste jogo, conhecido como Jogo das Trevas, por temer seu poder. O poder foi trancado em sete relíquias, e o anime conta a história de Yugi Muto, um garoto que recebeu de seu avô uma das sete relíquias, o Enigma do Milênio. Ele é obrigado a participar de um jogo para salvar a alma de seu avô, aprisionada por Maximillion Pegasus, que só irá libertá-la caso Yugi o derrote numa partida de Monstros de Duelo. Só que para enfrentá-lo, ele vai ter que ganhar dos mais habilidosos jogadores do mundo. Há outras sagas, mas esta é de longe a que merece mais destaque.
Yugi é um garoto tímido, mas decidido, viciado em Monstros de Duelo e portador do Enigma do Milênio. Ao montá-lo, ele desejou ter amigos, que vieram na forma de Joey, Tristan e Tea. Ao duelar, ele troca de corpo com o espírito de um antigo faraó, que é quase igual a ele, só que é mais alto, tem a voz mais grossa e é mais frio. Este faraó não se lembra de nada do seu passado, e ninguém nota que ele e Yugi dividem o mesmo corpo. Os amigos de Yugi são Joey Wheeler, um rapaz meio burro, que quer ganhar o prêmio do jogo de Maximillion Pegasus para poder pagar a cirurgia de sua irmã, Serenity, que sem ajuda médica ficaria cega. Joey tem uma evolução bem interessante no anime, conforme vai dominando melhor a arte de jogar. Tea Gardner é uma garota que sonha em ser bailarina, tem um deck só de criatura fofas e é a incentivadora do grupo. Entre os membros do grupo, Tristan Taylor é o que menos se interessa por Monstros de Duelo, e é o que mais é afim de resolver tudo no braço. Sua maior diversão é irritar Joey. Temos ainda Seto Kaiba, o anti-herói que ergueu uma império milionário com sua corporação Kaiba e seu parque Kaibaland. É o campeão mundial de Monstros de Duelo, e faz de tudo para proteger seu irmãozinho, Mokuba. Maximillion Pegasus é o grande vilão, com seu artefato Olho do Milênio que o faz praticamente imbatível em Monstros de Duelo. Há também o jovem Bakura Ryou, colega de classe de Yugi e sua turma, e que possui o artefato Anel do Milênio, que faz com que seja possuído pelo espírito Yami Bakura, com os poderes de invocar os monstros das cartas para o mundo real e de aprisionar almas.
A história é simples, frisando mais os combates que o roteiro em si. Mas todos os personagens têm motivações, e a história é fortemente relacionada com o antigo Egito, algo raro em animes. Os personagens são meios caricatos, com Yugi sempre certinho e tudo mais, mas não é algo que já não seja esperado. O grande destaque do anime são mesmo os portadores das Relíquias do Milênio, que são misteriosos e dão um clima interessante à série. Combates são o que não falta, com pessoas diferentes e com estilos de combater diferentes. O anime tem uma base no humor, mas não com o mesmo destaque da ação. Ou seja, a história não empolga, mas se você quer só se divertir, este anime é muito bem-vindo.
O maior problema em Yu-Gi-Oh! Duel Monsters são os duelos. É impensável que o campeão mundial de Monstros de Duelo, Seto Kaiba, jogue tão sem estratégia contra Yugi em sua primeira batalha. No começo do desenho quase não há cartas de magia e de armadilha sendo usadas de maneira estratégica. E o anime rouba demais para Yugi. Se aproximando do final, sempre acontece algo com ele que o faz vencer a batalha de modo meio forçado. Quando está com uma carta Kuribuh, a carta mais fraca do jogo, o inimigo pode desistir, por que ele sempre ganha de modo bem exagerado. E o anime mostra um jeito de jogar simplificado, totalmente diferente de como é no TCG, gerando uma grande confusão. Se o TCG já é desequilibrado, no anime o desequilíbrio é milhares de vezes maior.
A animação é razoável, não se destacando para melhor nem para pior que a média. Não há grandes cenas de ação, só ataques simples, o que é algo lógico pela mecânica do jogo de cartas. Os monstros das cartas são muito bem feitos, apresentando uma variedade surpreendente, e traços bem feitos. Os efeitos sonoros são interessantes e bem colocados, e a narrativa é bem feita, já que consegue passar os pensamentos e sentimentos dos jogadores em seus momentos tensos.
Yu-Gi-Oh! Duel Monsters é mais um daqueles animes que viram febre, principalmente entra as crianças. Se você conseguir superar os grandes defeitos da obra, você provavelmente vai se divertir bastante. Caso não, ou caso seja fã de jogos onde a mente valha mais que a carteira, há animes como Hikaru no Go que são muito superiores, só esperando para serem assistidos.
Heider Carlos