domingo, 6 de novembro de 2016

Angel Beats! (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 28/01/2011


Ano: 2010
Diretor: Seiji Kishi
Estúdio: P.A Works
País: Japão
Episódios: 13
Duração: 24 min
Gênero: Drama / Comédia / Romance



Um garoto ruivo acorda, de repente, em um lugar que se parece com uma escola. Logo ao seu lado, uma garota de tiara, segurando um fuzil de precisão, lhe dá as boas vindas e diz que ele já está morto, e que essa escola é aparentemente o mundo após a morte. A garota está atirando em outra menina de cabelos brancos, a qual diz ser um anjo inimigo.

Depois de alguns impasses, Otonashi (que só se lembra de seu sobrenome, pois parece ter morrido em alguma espécie de acidente que comprometeu sua memória) descobre que o nome da garota é Yuri, e ela é a líder da “Frente de Batalha” formada por outros jovens mortos que só têm uma coisa em comum: todos tiveram uma vida trágica e morreram inconformados com o destino que lhes foi dado. Ao mesmo tempo em que tenta recuperar sua memória e entender do que se trata esse estranho mundo após a morte, Otonashi se junta à Frente de Batalha e percebe que, mais do que tudo, seus membros não estão lutando somente contra um anjo ou Deus mas, sim, contra suas próprias vidas.

Com o enredo desenvolvido por Jun Maeda e design de personagens ao cargo de Na-Ga, ambos da “Key Visual Works” (famosa produtora de "visual novels" japonesas, como Air, Kanon e Clannad, que inclusive tiveram versões adaptadas para anime), Angel Beats já começa prometendo muitos momentos de gargalhadas e lágrimas, como já é de praxe nas histórias da Key.

Apesar do conceito e episódio inicial parecer um pouco bobo (jovens em roupas escolares lutando contra uma menininha super-poderosa), vai ficando cada vez mais claro que existe uma maior profundidade e seriedade no enredo que, aos poucos, vai deixando claro que é uma história voltada ao desenvolvimento de seus personagens para expressar seu argumento central. Porém, é justamente aqui em que chegamos ao maior problema da série.

Apesar de ter alguns personagens muito cativantes, cujos passados são muito tristes e emocionantes, a grande maioria fica em segundo plano. São muitos personagens que simplesmente ficam nas sombras e alguns apenas servem para nos entregar alguns momentos cômicos. Em um anime de 13 episódios, já era de se esperar que, com tantos personagens assim, alguns ficariam de lado, mas isso já é exagero.


Por mais que tal personagem apareça de vez em quando para dar um alívio cômico ou ajudar na batalha, tudo o que se pensa é “Hmm... Mas qual será que foi o passado desse cara? Aliás, ele nem serve pra nada, por que está aí?”. Talvez a série pudesse ter sido melhor nesse sentido se usasse todos os seus episódios de maneira mais adequada, já que, especialmente em seu início, alguns episódios são quase que comédia pura, com um desenvolvimento de personagens muito escasso. Para um anime que se propõe a mostrar um enredo que anda justamente por causa deles, é um tanto estranho. Nos episódios finais, inclusive, temos um cara que diz “Voltei! Apesar de ninguém se lembrar de mim, voltei para ajudar!”. De fato... Ninguém poderia ter dito melhor.

Apesar deste “pequeno-grande” contratempo, Angel Beats também tem seus méritos no quesito de desenvolvimento de personagens quando se propõe a fazê-lo. Os principais, como Otonashi, Yuri e Kanade, têm uma personalidade cativante e bem construída, e alguns outros, como Hinata e Naoi, também não falham em entregar momentos de seriedade e comédia para a série. Naoi, inclusive, consegue ganhar os corações de quem assiste apenas um episódio mais dedicado a ele, em que seu passado é mostrado apenas nos minutos finais. Em muito pouco tempo, Naoi consegue se consolidar como um dos personagens mais humanos da série, um verdadeiro parabéns tanto para Maeda quanto para a direção do anime.

Na parte técnica, Angel Beats tem uma animação sempre estável, com movimentos muito detalhados e cores fortes e vívidas, algo esperado em uma série de 13 episódios. O design de personagens é agradável e bem estilizado, com personagens de olhos enormes e colorações capilares variadas.

A trilha sonora é composta de muitas músicas e melodias que caem como uma luva na proposta da história, criando climas de drama e comédia quando necessário. A abertura “My Soul, Your Beats!” é ótima, e o encerramento “Brave Song” passa uma sensação de melancolia sensacional.



Apesar de tropeçar em um dos aspectos mais importantes para esse tipo de obra, “Angel Beats!” ainda é um anime que vale muito a pena ver, com uma história emocionante sobre como a vida é algo maravilhoso ao qual se deve dar muito valor, por mais injusta que ela possa ser.


Lucas Funchal