sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Dragon Quest: Dai no Daibouken (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 23/10/2009

Alternativos: Fly - O Pequeno Guerreiro
Ano: 1991
Diretor: Nobutaka Nishizawa
Estúdio: Nippon Animation / Toei Animation
País: Japão
Episódios: 46
Duração: 26 min
Gênero: Aventura / Ação / Fantasia



Baseado no mangá originado pelo jogo de mesmo nome, Dragon Quest: Dai no Daibouken conta a história de Dai (que aqui no Brasil ficou conhecido por Fly, portanto usaremos este nome), um garoto que vive em Delmurin, uma ilha onde inofensivos monstros foram exilados por Avan. Este é um dos três heróis que derrotaram o Exército do Mal na conhecida ”Batalha dos Reis“. Após a derrota do rei demônio Hadlar, todos os monstros que antes estavam possuídos pelo mal agora são libertos, porém a população continua apreensiva devido a todo o caos que foi causado. Por isso Avan leva todos os monstros para a tal ilha.

Alguns anos depois, Fly, ainda bebê, aparece boiando num barco nas proximidades da ilha e agora possui um ”avô“ adotivo chamado Brass, um monstro inteligente incumbido por Avan para proteger os monstros da ilha de qualquer mal que viesse (por isso foram ensinadas a ele técnicas de luta e magia) e que agora cuida de Fly. Brass tenta lhe ensinar técnicas de magia, porém Fly não vê muita utilidade naquilo e não se esforça para aprender. Entretanto, o verdadeiro poder de Fly começa a despertar mais tarde, quando ele precisa salvar a princesa Leona (do reino de Papunika), que corria risco de vida enquanto visitava a ilha para a realização de uma determinada missão.

Após isso, Leona pede para que Avan vá até a ilha e faça de Fly um de seus discípulos. É nesse momento que Fly conhece Pop, outro discípulo de Avan que ainda está em fase de conclusão em seu treinamento. Avan começa a ensinar Fly e lhe diz que concluirá o treinamento em uma semana. Mas antes que o treinamento chegasse ao fim, Hadlar aparece na ilha novamente, agora renascido pelo grande rei do mal Vearn, um ser mais poderoso que o próprio Hadlar. Após algumas batalhas, Avan, vendo que Hadlar voltara muito mais poderoso, vê como única solução usar a magia de sacrifício (Megante), porém algo inesperado acontece e Hadlar continua vivo. É nesse momento que a verdadeira aventura e missão de Fly se inicia: vingar o seu mestre Avan, derrotando o Exército do Mal.

Dragon Quest: DnD é uma série bastante conhecida no Brasil mas que é considerado um fracasso em relação ao mangá, tanto é que a série foi concluída antes do verdadeiro final que há no mangá. Menos da metade do conteúdo do mangá foi convertido para anime. Até hoje não se sabe realmente o porquê da série não ter o verdadeiro final, mesmo com o mangá sendo bem vendido no Japão.

A verdade é que o anime tem um bom enredo, com uma história de aventura e magias como no jogo de RPG da Enix, o qual, para quem não sabe, foi o maior concorrente da série Final Fantasy da Square. Porém algumas coisas são meio difíceis de engolir, principalmente na questão ”força“, ”poder“. Em muitos momentos, o tal Exército do Mal não parece ser tão ameaçador assim, afinal sempre andam com uma expressão de desespero e medo nas faces. Além de acabarem sendo derrotados ”facilmente“ no fim de tudo.


Por outro lado, os personagens são bem carismáticos e deixam a trama no mesmo nível em todos os episódios. Há diversos acontecimentos que mostram que esse é um anime de aventuras. É interessante ver o quanto Fly pode evoluir, o que vai acontecer durante as batalhas, que personagem novo ou antigo vai aparecer e/ou surpreender. Há diversas lições que se pode tirar sobre questões de amizade. E por falar nisso, era moda os animes do final da década de 80 e do início de 90 falarem sobre a amizade e coisas como ”juntos derrotaremos o mal“, além de ser moda também o fato do lado ”do mal“ querer dominar o mundo.

Falando ainda dos personagens, vale comentar alguns que são, de fato, fundamentais:

-Pop: Um garoto aprendiz de mago, medroso e egoísta, discípulo de Avan, que com o passar do tempo aprende a dar valor à amizade;

-Maan: Uma garota que passa a fazer parte do grupo de Fly e Pop. É uma menina que sabe dar valor à amizade e é dócil, exceto em relação a Pop, que adora soltar ”gracinhas“. Possui uma arma que dispara magias.

-Leona: Princesa de Papunika, uma jovem sábia que sabe do potencial de Fly e, consequentemente, o ajuda a combater o mal. Seu papel na saga é significante.

Além desses, há outros que são do lado de Fly: Avan, o grande herói; Gome, monstrinho voador que acompanha Fly; Matoriv, um mago que treina Fly e Pop; e os três sábios de Papunika.

No Exército do Mal temos: Hadlar, líder do Exército do Grande Rei Demônio; Crocodine, líder do Batalhão das Feras; Hyunckel (ou Jenki), líder do Batalhão dos Imortais; Flazzard, líder do Batalhão do Fogo e Gelo; Zabuera, líder do Batalhão dos Feiticeiros; Baran, líder do Batalhão dos Super Dragões; Myst-Vearn, líder do Batalhão dos Fantasmas; Kill-Vearn, assassino liderado por Vearn (algo como um ”deus da morte“); Vearn, o grande vilão e líder de todo o Exército do Mal.

Todos os personagens têm características marcantes, exceto Hadlar, que acaba aparentando ser fraco devido às suas atitudes. Algumas questões também ficam na cabeça, como o fato do Exército do Mal parecer ”preguiçoso“ em conquistar o mundo. Eles acabam não demonstrando ter tanta maldade se for levado em conta até que ponto vai a maldade. Acontecem coisas irritantes, como alguns personagens que tinham tudo pra morrer, mas não morrem, provando que essa série sofre de crise existencial: é para um público adulto ou para crianças? Afinal, há uma quantidade considerável de sangue na mesma. E ainda os diálogos, que muitas vezes parecem muito bobos em relação à situação em que os personagens se encontravam.

Ainda há o que falar do traço, que muitos acham parecido com Dragon Ball. Na verdade o desenhista do jogo Dragon Quest é o mesmo de Dragon Ball, mas no anime não é o Akira Toriyama. Usaram um traço parecido, talvez para não perder a essência, contudo o traço é um pouco irregular e peca nas proporções dos personagens, apesar de ser um traço que realmente combina com o clima da série. As músicas com seus tons medievais, ficaram excelentes e causam uma boa imersão no enredo.



Concluindo, Dragon Quest: DnD é um anime com nome de alto nível, mas prova que é melhor seguir no ramo dos videogames mesmo, pois a premissa era boa e no final (rápido e sem emoção) acabou pecando, deixando a pergunta: onde está o resto? Personagens, música e enredo são muito bons, por outro lado a questão da força (ou fraqueza) do mal e as batalhas bisonhas e sem emoção deixaram a desejar, fazendo com que o anime não tivesse uma definição exata de público. Se for assistido por diversão (ou nostalgia para alguns) a série pode se tornar um bom passatempo. E quem quiser algo mais interessante e com uma conclusão, a resposta é: leia o mangá.


Marcos França