Alternativos: Dual! Parallel Lun-Lun Monogatari
Ano: 1999
Diretor: Katsuhito Akiyama
Estúdio: AIC
País: Japão
Episódios: 13
Duração: 24 min
Gênero: Comédia / Mecha / Sci-Fi
Se existe uma forma de irritar um fã de anime, com certeza essa forma é dizer que anime é coisa de criança. Porém, o fato curioso é que, quanto mais velho você fica, menos interesse a animação lhe desperta. Então acontece que chega uma hora em que, eventualmente, você acaba quase não encontrando um anime que realmente te entretenha, e fica a se perguntar se já viu tudo que tinha para ver e que, quem sabe, já não está velho demais para esse tipo de coisa. Para falar de um exemplo concreto, eu andava me perguntando recentemente se não era esse o caso. De fato, essa dúvida me incomodava seriamente, e persistiu até eu assistir a Dual! Parallel Trouble Adventures!... fazia realmente tempo que eu não ria assistindo anime...
Bem, dito isso, vamos fazer o que viemos fazer!
Dual! começa de uma forma bastante interessante mesmo: durante as escavações para fazer a fundação do que será a nova sede da prefeitura, um artefato incomum é encontrado pelo operário. O seu chefe, mais preocupado com o prazo da obra, não quer um bando de arqueólogos interrompendo a sua construção: ele manda o operário jogar fora aquilo e continuar a escavação. Existem duas possibilidades aqui: ele pode obedecer o chefe e jogar a peça fora, ou pode guardá-la consigo. O que fazer? Bem, é possível que cada escolha que tomemos gere um mundo paralelo completamente baseado nas consequências dos nossos atos, mesmo que jamais venhamos a saber disso. A cada instante a realidade se dividiria em mais e mais dimensões a cada escolha feita por cada um de nós, o que é um conceito muito interessante. Mais interessante ainda quando o simples fato de guardar ou jogar fora um ítem acaba fazendo toda a diferença do mundo... literalmente...
Bem, eu disse que nós jamais viemos a saber desses mundos paralelos? Bem, isso não é inteiramente verdade... pelo menos não para Kazuki Yotsuga. Kazuki é um garoto bem especial, na verdade, pois em meio ao dia-a-dia da cidade grande, ele também tem visões de robôs gigantes lutando, visões tão reais que ele chega a se assustar e se defender dos "ataques". Não é preciso dizer que Kazuki, por conta disso, é motivo de piada na escola. Além dos contos que ele publicava na internet baseado nas visões que tinha, isso nunca tinha sido de nenhuma ajuda para ele, pelo contrário. Isso até o dia em que a garota mais popular da escola, Mitsuki Sanada, pareceu bastante interessada pelas histórias do garoto e até o convidou para acompanha-la no caminho para casa depois da aula (coisa que os outros garotos do colégio tentavam há anos, em uma das cenas mais engraçadas da série). O que o pobre Kazuki não sabia é que tudo fazia parte de um plano do pai de Mitsuki (professor particular e cientista louco nas horas vagas) para pôr em comprovação sua teoria sobre planos paralelos. "Como?", você pergunta. Ora, mandando o garoto para lá, é claro!
Aqui é onde a coisa começa de verdade, pois Kazuki acaba saindo exatamente no meio de uma batalha entre dois robôs que ele costumava ver em suas visões, com a pequena diferença que a coisa agora é real. Resumindo muita coisa, Kazuki acaba assumindo o lugar da piloto inconsciente do mecha branco e demonstrando um nível de simpatia (simpatia relacionada aos tecidos do sistema nervoso simpáticos e para-simpáticos, não essa simpatia que vc estava pensando) com a máquina que simplesmente não é possivel (não é possivel mesmo, porque somente mulheres poderiam operar os robos...), acaba vencendo brilhantemente. Em face disso, Kazuki acaba como terceiro piloto da Agencia de Defesa da Terra, juntamente com a estranha e calada alienígena clonada que possuia a alma no lugar do olho direito (?!?), D, e da temperamental e espevitada Mitsuki, que foi também para este mundo paralelo depois de Kazuki, só que acabou chegando um mês antes. Por uma série de fatores, os três passam a morar juntos com a versão do pai da Mitsuki desse mundo paralelo.
Ok, recapitulando até então: tem um garoto travado e timido que do nada acaba se tornando terceiro piloto de uma linha de robôs de comando intuitivos criada para proteger a Terra, junto com uma garota estranha e quieta que obedece sem reclamar e outra de temperamento exato oposto... hum... onde será que eu já vi algo assim antes?
Sim, sim, sim, esse é exatamente o ponto! Dual! tem como seu maior mérito justamente ser uma versão escrachada e divertida do mega-sucesso Neon Genesis Evangelion. Várias e várias personagens e situações remetem à obra cult da Gainax, porém sob uma ótica debochada e engraçada. Porque, afinal de contas, lutar pelo futuro da humanidade não precisa ser algo tão sério assim, né? Como disse a grande pensadora Excel, em Excel Saga "Muito trabalho e nenhuma diversão fazem de você um bobão!"
São seis episódios que realmente valem a pena, se assistir à batalha de mechas entre as crianças escolhidas e o Exéricito Rara, diversão da boa para defender a boa reputação dos animes!
A essa altura você deve estar pensando: "Puxa, se esse rapaz tão simpático e inteligente disse que é legal, então eu vou correndo assistir", porém quando acessa a lista do site percebe que a série é composta por 13 episódios mais um especial. Ué, mas o rapaz simpático na resenha falou de seis episódios, como isso? Será uma tentativa do Marcelo de montar um caixa dois de animes e garantir o seu pé de meia e sua aposentadoria nas Bahamas?
Nada mais longe da verdade, meu caro leitor, pode confiar na idoneidade do nosso comprometido webmaster. O ponto é que realmente são seis episódios que valem a pena serem vistos, porque depois disso a série dá uma derrapada lindamente. As coisas começam a dar errado quando o anime começa a se levar a sério demais, gastando muito com explicações pouco interessantes sobre a trama desinteressante e pouco com a parte sobre ser divertido, que é no fim das contas o que realmente conta quando a história não é lá essas coisas. E o anime é muito bom e engraçado enquanto se contenta em ser uma paródia divertida de Evangelion, mas a partir do momento que tenta caminhar por si só acaba descobrindo que não tem uma perna e dá de boca no chão. A série pretende ser um anime de ação, drama, aventura e profundo, tudo ao mesmo tempo e acaba não conseguindo ser mais do que medíocre em nenhum aspecto, como tantos e tantos animes que existem por aí.
A qualidade da animação é um pouco abaixo do que uma série de treze episódios pode oferecer e a dublagem não é nada imperdível, sem grandes destaques. As músicas de abertura (Dual!) e de encerramento (Real!) são muito boas, mas a trilha sonora durante os episódios é apenas morna.
No fim, Dual! é como um humorista que tem um ótimo começo de carreira, mas o sucesso acaba subindo à cabeça e ele começa a se achar bom demais para ser apenas um mero comediante. Uma pisada na bola mesmo da Pioneer (de Tenchi Muyo!) porque enquanto tenta ser divertido, o anime consegue.
Cilon Mello