sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Galaxy Express 999: Eternal Fantasy (Movie)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 24/01/2012

Alternativos: Ginga Tetsudo 999: Eternal Fantasy
Ano: 1998
Diretor: Kōnosuke Uda
Estúdio: Toei Animation
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 54 min
Gênero: Drama / Sci-Fi



Pergunta: Como destruir o legado de uma obra cinematográfica que marcou milhares de pessoas por várias décadas? Bom... talvez lançando uma continuação.

Produzido por Toei, Galaxy Express 999 Eternal Fantasy é o terceiro movie da franquia de Leiji Matsumoto, trazendo novamente a doce e delicada Maetel a bordo do Expresso 999 que navega eternamente pelo mar de estrelas.

Tecnicamente, o filme é bem produzido. Riqueza no uso de cores e bons contrastes; Movimentação de personagens e elementos bem produzida; Efeitos visuais bem planejados; Ótima utilização de elementos sonoros e grande detalhamento de cenários e personagens.

Por tudo isso, Eternal Fantasy já tem tudo para emocionar novamente o espectador como nos movies anteriores. Isso até chegarmos à próxima estação...

O filme continua exatamente 1 ano depois de Goodbye Galaxy Express 999. Entretanto, não é tão necessário assisti-lo antes para ver Eternal Fantasy, visto que ele no máximo faz pequenas citações dos filmes anteriores para o espectador se situar cronologicamente e parte para uma nova história. E é justamente aqui que começam os problemas.

Nosso herói Tetsuro, depois de derrotar o império mecânico no movie anterior, agora é um repugnante prisoneiro que vive acorrentado no sub-solo da cidade em seu quarto. Entretanto, Maetel decide resgata-lo para embarcarem juntos em uma nova jornada contra Porcodo 3, a nova grande ameaça da Terra.

Quem assistiu a Goodbye, deve se lembrar que a Terra estava COMPLETAMENTE arruinada na guerra contra Prometium. Nesse caso, como é que em apenas 1 ano a humanidade conseguiu reconstruir ele inteiro como nada tivesse acontecido? Mesmo que estejamos falando de "futuro" e suas novas assustadoras técnicas, o estranhamento é muito forte.

Novos personagens e alguns antigos retornam a tela, como Claire, que literalmente renasce das cinzas. Porém, o mais discutível com certeza é o próprio trem 999, que além de falar (um trem falante!? ¬¬) virou também uma mulher mecanizada (?!?) que compartilha da mesma mente e pensamentos que o trem, como se um fosse o alter-ego do outro. Chocante...!


Outro detalhe... Todos também devem se lembrar que Tetsuro foi representado artisticamente de duas formas: Numa ele era "bem criança", com olhos bem redondos, nariz pouco sinalizado e boca gigantesca, arte usada para mostrar o passado de Tetsuro em seus primeiros anos de vida. E a outra mais "pre-adolescente", com feições mais parecidas com a do capitão Harlock, com a qual ele protagoniza praticamente todos os 2 primeiros filmes inteiros. Oras, se Eternal Fantasy acontece DEPOIS dos dois primeiros filmes, por quê "cargas d'água" ele foi desenhado como se fosse "bem criança"? Os meses de enclausuramento, sem tomar banho ou cortar o cabelo, e constantes violências físicas o rejuvenesceram? Que nova técnica é essa?! - Realmente, o futuro parece um lugar assustador...

Ok, conversa vai, conversa vem e chegamos a lugar... nenhum. O grande e escandaloso problema de Galaxy Express 999 Eternal Fantasy está na falta do que os movies anteriores eram um prato cheio: um eixo enredo-história rico, desafiador e muito, muito emocionante.

O filme inteiro parece uma grande introdução. Introdução a personagens novos, introdução a novos mistérios, introdução a novos lugares... e no final, nada disso é desenvolvido, sendo um festival de pontas soltas, situações e momentos muito longos, e quando parece que a história vai engrenar, ela acaba (!) e sem final (!!!), pois o filme sugere descaradamente uma continuação que, aliás, pode(ria) ser a primeira de muitas.

É visível que a história poderia ser muito mais rica e detalhada do que ficou. O excesso de espaços e sub-tramas para deixar o filme mais longo acabam aborrecendo o espectador, especialmente depois de ver tudo aquilo dar em lugar algum. Nenhum momento emocionante, nenhuma mensagem ou representação memorável... Nada! Um filme muito fraco que pegou carona no sucesso de 999, para a decepção de muitos. Uma pena.



Se você gostou dos antigos Galaxy Express 999, não precisa assistir esse filme, nem por curiosidade. Não embarque nessa furada.


Emanuel Silva Sena