sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Gurren Lagann Parallel Works (Especial)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 16/04/2010

Alternativos: Tengen Toppa Gurren Lagann Parallel Works
Ano: 2008
Diretor: Vários
Estúdio: GAINAX / Aniplex
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 3 min
Gênero: Ação / Musical



Para promover a trilogia Matrix o estúdio americano Warner Bros. lançou o “Animatrix”, uma compilação com vários curtas de animação utilizando o universo e a temática de Matrix. Deu certo. Bem, será que se outro estúdio repetisse a receita bem sucedida da Warner, o resultado também seria positivo?

Produzido em 2008 por Gainax e Aniplex, Gurren Lagann Parallel Works é uma compilação de 8 animações de curta duração utilizando os personagens da série televisiva Tengen Toppa Gurren Lagann, para promover o filme Gurren Lagann The Movie: Childhood's End, lançado na mesma data. Entretanto, ao contrário de “Animatrix”, Parallel Works vai bem mais longe no que se refere a “mudar algumas coisas”, lembrando muito as animações experimentais feitas pelo estúdio Gainax quando ele ainda se chamava Daicon, porém com a qualidade de animação e edição atuais.

Alguns contam novas histórias, desde mocinhos que viram vilões, até mundos alternativos como eras medievais e faroeste, mas também há aqueles em que não há história alguma ou mesmo personagens...

Em termos técnicos, as animações diferem muito entre si. Enquanto algumas parecem um jogo de slides, outras são ricas em movimentação e ângulos de câmera ousados. Nestas, a qualidade e velocidade características da série televisiva estão absolutamente presentes. Um dado interessante é que não existe dublagem ou efeitos sonoros, apenas uma música de fundo tocando, fazendo tudo parecer um videoclipe.


No primeiro capítulo, um conto medieval em que os “três mosqueteiros” invadem um castelo para resgatar a princesa; No segundo, há uma batalha contra uma máquina de Pachinko (!?); O 3° capítulo nos apresenta o mundo de Tengen Toppa Gurren Lagann ambientado no período feudal japonês; No 4°, vilões e heróis trocam de lugar em clima de faroeste; O polêmico 5° capítulo pode, sem muito esforço, ser descrito como a primeira animação yaoi do estúdio, apesar do clima de comédia, em que um determinado personagem segue estuprando e roubando a todos que encontra (!); Já o 6° capítulo é o mais parecido com a série televisiva, onde novos personagens lutam com um novo Gurren Lagann em um vilarejo invadido por um tirano; O 7° capítulo decepciona totalmente com imagens de deserto e uma sombra correndo a esmo... Voltando com toda a força total no 8° e último capítulo, onde a Terra é invadida por incontáveis tropas alienígenas.

Como se pode notar, o 7° capítulo é o mais frustrante em termos técnicos, limitando-se a mostrar imagens de deserto e, as vezes, uma sombra correndo sozinha... (!) Não há história, enredo ou qualquer coisa do tipo, válido apenas pela boa música; O segundo capítulo, apesar do bom acabamento, recicla descaradamente muitas imagens, tornando-o cansativo e, desta vez, a música não é forte o bastante para salvá-lo completamente, apesar desta ser muito boa; O 3° capítulo não é mais do que uma bela apresentação de slides com uma bela canção e, às vezes, tem-se a impressão de que existe alguma história representada nele; O 5° capítulo é melhor trabalhado em termos de enredo, seu único mal está na reciclagem de cenas e animações, mas conta com uma bela música; Já os 1°, 4° e 6° capítulos não sofrem dos males dos anteriores descritos, com ótimas imagens, ângulos de câmera e cenas de batalha bem produzidas, e cada um com uma música majestosa e muito empolgante.

O 8° e último capítulo é um evento em especial, pois além de ter excelentes características técnicas, tem um tom visual mais artístico, com fortes contrastes em preto e no máximo 4 cores vivas por cena. Particularmente, as batalhas em órbita me lembraram um pouco algumas leves semelhanças com DieBuster, no tocante à quantidade de inimigos ao mesmo tempo na tela, e só, pois é um capítulo bastante singular.



Para os fãs da franquia ou apreciadores de animações experimentais é uma ótima opção, com animações curtas e, na maioria das vezes, eficazes. Para quem não conhece e pretende conhecer, alguns capítulos são indispensáveis, pois apresentam muito bem o dinamismo e a vivacidade da série, enquanto outros não têm muito a oferecer além de uma bela música.


Emanuel Silva Sena