segunda-feira, 7 de novembro de 2016

.hack//ROOTS (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 04/07/2008


Alternativos: Dot hack//ROOTS
Ano: 2006
Diretor: Koichi Mashimo
Estúdio: Bandai Visual / Bee Train
País: Japão
Episódios: 26
Duração: 25 min
Gênero: Aventura / Drama / Sci-Fi



A franquia ".hack//" se estendeu consideravelmente ao longo dos anos, criando vários spin-offs a partir de ".hack//SIGN" e os 4 primeiros jogos para Playstation 2, a fim de explicar ou adicionar mais elementos à trama. Não demorou muito para que ".hack//" acabasse virando um nome de peso entre os animes (mesmo que aqui no Brasil não seja lá muito conhecido), com sua cronologia cada vez mais extensa.

Porém, era fácil notar que, apesar de tantos OVAs, mangás, livros e afins, a franquia ".hack" possuia apenas uma ”saga“, um espaço de tempo onde tudo o que já tinha sido produzido até então aconteceu e teve seu fim definitivo no anime/mangá ".hack//DUSK".

É justamente nesse ponto que ROOTS se difere, pois este inicia uma nova ”saga“, onde praticamente tudo o que aconteceu anteriormente foi esquecido e anulado, com personagens totalmente novos que desconhecem o que os antigos protagonistas descobriram sobre o MMORPG ”The World“.

Sem mais delongas, vamos ao enredo: Alguns anos depois dos acontecimentos de DUSK, o banco de dados da CC Corp. sofreu um misterioso incêndio, perdendo quase todos os dados do jogo. Para tentar contornar a situação sem perder muito tempo e dinheiro, a CC Corp. compilou os dados que sobraram do The World com outros que seriam de algum outro projeto e remoldou o jogo quase que por inteiro.

E assim nasceu o ”The World R:2“, com um visual e classes extremamente modificados. Porém, o antes ”pacífico e próspero“ The World já não existia mais. Acabou se tornando uma ”utopia de nerds“ (me perdoem pelo termo, mas eu não consegui resistir XD) de vários jogadores inescrupulosos metidos a ”foras-da-lei“. Apesar do enorme acréscimo de jogadores mal-intencionados, ainda existiam os que sabiam se divertir de maneira um pouco mais saudável.

É nesse novo ambiente que um jogador inexperiente cria um personagem chamado Haseo, que acaba sendo enganado e morto no seu primeiro dia de jogo por PKs (Player Killers). Por sorte, um jogador que estava por perto ajudou Haseo, revivendo-o e dizendo palavras que ainda iriam se repetir em sua mente por muito tempo: ”Bem vindo ao [The World]“.

Mais tarde, Haseo aprende que o nome deste indivíduo no jogo é Ovan e acaba por ser convidado para se juntar à sua guilda, ”A Brigada do Crepúsculo“. Seus integrantes são: Sakisaka, um jogador reclamão e meio mal humorado; Tabby, uma personagem com orelhas de gato, exageradamente alegre e carismática, que considera Sakisaka seu mestre; Shino, uma pessoa calma e eficiente que acaba roubando o coração de Haseo.

De todos os integrantes, Shino é quem tem a maior intimidade com Ovan e parece saber quais são seus planos, apesar de nunca revelá-los claramente. Tudo o que o resto do grupo sabe é que a guilda foi feita com a finalidade de encontrar um item que ninguém (exceto Ovan) acredita que existe: a Chave do Crepúsculo. Como se não bastasse, também existe uma outra guilda que se opõe à Brigada por motivos desconhecidos a Haseo.


Com isso, Haseo acaba por se meter em um jogo de proporções que nunca teria imaginado, onde ele mesmo se torna um dos jogadores principais e essenciais para que este chegue ao fim.

Está iniciada a trama de .hack//ROOTS que, na verdade, antecede os acontecimentos dos 3 mais novos jogos para PS2 (.hack//G.U).

A narrativa continua a mesma, quase sem nenhuma ação e dependendo totalmente de seu enredo para atrair o espectador. Porém, novos mistérios pairam sobre o ar: Quais são as intenções de Ovan? Ele é realmente confiável? Por que ele escolheu justamente Haseo para ser o novo integrante da Brigada? A Chave do Crepúsculo realmente existe? Quem, ou o quê, é esse jogador que se auto-intitula ”Tri-Edge“ e por que ele é tão parecido com o protagonista dos 4 jogos anteriores?

Essas são as perguntas mais básicas que fazem o espectador continuar assistindo aos episódios para descobrir as respostas.

Apesar de ser boa, a trama de ROOTS é um pouco mais capenga e menos interessante quando comparada à de SIGN, podendo agradar mais aos fãs de longa data da franquia do que aos que nunca tiveram contato com a mesma. Ainda assim, ela continua impressionando com sua capacidade de mostrar que, a princípio, o que parece ser meio bobo é, na verdade, algo muito mais bem pensado e maior. Mas como ROOTS serve mais para promover os jogos com sua continuação, seu enredo é bem menos trabalhado do que o da já dita trilogia de games.

A qualidade de animação continua praticamente igual à de SIGN, apesar de ter sido produzida quatro anos mais tarde (as únicas melhoras são cores um pouco mais bem trabalhadas e um pouco mais de uso de efeitos 3D aqui e ali). A repetição constante de cenários também está de volta, para a infelicidade (ou quem sabe felicidade) dos espectadores.

Por sorte, a qualidade da trilha sonora continua excelente, com músicas em sua maioria compostas pela banda Ali Project (com destaque para a abertura "Silly-Go-Round"), porém a trilha de SIGN ainda é melhor.

A única característica do anime que chega a superar SIGN, de certa forma, são os personagens. O elenco desta fase da série é um pouco mais cativante e bem construído, cada personagem tem seu papel no enredo, mesmo que este não seja lá grande coisa. Nenhum dos personagens é totalmente sub-aproveitado ou inútil para a trama.



Mais uma vez, o enredo não conclui essa nova saga da franquia ".hack//". É preciso jogar os jogos para ter as respostas para todos os mistérios. Ainda assim, ROOTS não é um anime ruim, mas sim, altamente recomendado para os fãs da série. Se você ainda não tiver visto nada sobre ".hack//", sugiro que veja SIGN para ver se este se encaixa em seus gostos. Se acabar te agradando, pode ver ROOTS, pois será diversão garantida ^^.


Lucas Funchal