terça-feira, 22 de novembro de 2016

Hoshizora Kiseki (ONA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 24/01/2012

Ano: 2010
Diretor: Akio Watanabe, Toshikazu Matsubara
Estúdio: CoMix Wave Films
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 27 min
Gênero: Romance / Sci-Fi



Muitos animes tentam de todas as maneiras se sobressair com uma história original ou uma temática inovadora, que encantem possíveis espectadores entediados com clichês e mais clichês. Hoshizora Kiseki (pode-se traduzir por "Milagre no Céu Estrelado") com certeza é um bom exemplo deste esforço, mas só deste esforço.

Este ONA¹ de temática peculiar e com duração aproximada de 30 minutos, não possui erros graves nem de animação nem de trilha mas, sim, de enredo. O que na verdade deveria ser uma cartada da animação, ou seja, usar uma temática interessante e pouco abordada para entreter um espectador em potencial cansado de histórias clichês, acaba enganando quem lê sua sinopse, imaginando que verá um anime diferenciado.

A astronomia, temática principal e original da animação, tenta abarcar a história de Kozue, uma menina apaixonada pelos estudos dos planetas e dos astros. Através de uma mensagem vinda de sua pulseira, que acredita ser um pressentimento, intui que haverá uma chuva de meteoros em certa região do Japão. Ela viaja para esta área, mesmo sem aprovação de seus amigos, e encontra um menino muito estranho com roupa de astronauta, chamado Ginga.

Como foi dito, a animação, que poderia nos surpreender com sua temática diferenciada, na verdade tropeça feio numa abordagem superficial e clichê. Sim, nem todas as animações com propostas originais conseguem ser boas, principalmente uma que consegue ser inovadora mas cai numa mesmice de amores idealizados e de envolvimentos infantis que se desenrolam futuramente. Esse clichê, em certa medida até novelesco, poderia ser fatal, mas é interessante ver que não é este o problema do ONA mas, sim, sua falta de feeling, de vontade e seu pouco carisma.


Certamente quem já leu meus textos pode ter percebido como pra mim é crucial a questão do carisma, e sinceramente, Hoshizora Kiseki é, de longe, um dos melhores exemplos de uma animação sem carisma. Apesar de ter uma preferência por histórias originais e por linguagens originais, não é devido aos clichês que esta animação se mostra pouco carismática mas, talvez, por um roteiro mal feito, gerando uma terrível construção de cena e de clímax. Hoshizora Kiseki não tem charme, parece um anime feito por encomenda como Honey Tokyo, publicado recentemente.

Para fazer uma aproximação com outro anime que possui quase os mesmos moldes. Um filme que possui a mesma de duração de Hoshizora, Cencoroll, dá um baile em carisma. Alguém pode vir e argumentar que são temáticas diferentes e que Hoshizora está mais para um shoujo. Mas isso não é desculpa. Cencoroll trabalha com diversas técnicas que atraem a atenção do espectador as quais Hoshizora mal utiliza. Pra começar, em Cencoroll, o clima de mistério é crucial, já em Hoshizora é previsível, independentemente do estilo de ambos. A animação, que poderia ser melhor, já que leva o nome da produtora CoMix Wave (5 Centimeter Per Second), não entretém o espectador o ponto deste se interessar ou ficar curioso pelo que vai ocorrer.

Outro ponto defeituoso, mas pouco perceptível e irrelevante para estragar o anime, é a trilha. Apesar de em certos momentos acertar barbaramente, com composições que combinam com o clima estelar de planetas e da astronomia, em outros parece uma trilha sonora de jogo de vídeo game japonês no qual, ao se escolher o personagem que irá utilizar no jogo, ao fundo toca uma trilha que se repete a cada 10 segundos irritantemente.



Infelizmente não há muitos elogios a se fazer a Hoshizora Kiseki e seu céu pouco estrelado, mas com talvez um único e pequeno milagre, o final da animação consiga dar um ânimo aos 20 tantos minutos não muito sofridos, mas tediosos. Uma cena curtíssima de alguns segundos consegue realmente dar um toque poético para uma animação que tantas vezes deixa a desejar. E talvez seja esse o pequeno motivo que faça alguém se interessar por essa animação que infelizmente, mesmo tentando ser diferente, não é carismática e muito menos bem feita.

¹Original Net Animation, O ONA, é uma nova sigla para discriminar o anime disponibilizado diretamente na internet, como ocorre com a famosa sigla OVA ou OAV (Original Video Animation e Original Anime Video) que se refere aos animes vendidos no mercado de vídeo, ou seja, DVD, Blu-ray e etc. Segundo o famoso site de animes “AnimeNewsNetwork” o termo foi usado pela primeira vez pelos criadores do anime “Lingerie Fighter Papillon Rose”.


Vinícius Chamiço