terça-feira, 22 de novembro de 2016

Honey Tokyo (ONA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 04/07/2012

Ano: 2010
Diretor: Yasuhiro Aoki
Estúdio: Studio 4ºC
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 11 min
Gênero: Sci-Fi



O que esperar de uma animação que foi encomendada pelo governo japonês para promover a cidade de Tóquio para os turistas? Nada bom, eu imagino. E realmente, não é bom.

A animação hospedada no site "Welcome to Tokyo" - http://www.tourism.metro.tokyo.jp/english/welcome/ - possui opção de diversas línguas para assistir um vídeo que tem o fim de conquistar o espectador estrangeiro a visitar a metrópole japonesa. Desta maneira, pretendo estabelecer um critério principal e especial para esta animação: avaliar se a obra cumpre o que se compromete a fazer, seduzir e cativar um turista em potencial, que possivelmente pode vir a visitar a cidade de Tóquio.

O título “Honey Tokyo” já demonstra o quão são afiadas as garras da publicidade: conquistar o espectador estrangeiro com o cacoete americano “honey”, “docinho”, que é utilizado quando tentamos nos referir a alguém por quem temos afeto. Mas esta “jogada de mestre” da publicidade não consegue arrancar nenhum suspiro de um gringo que esteja a procura de um lugar para viajar.

O anime produzido pelo Studio 4ºC poderia realmente nos fazer pensar que, apesar de ser uma propaganda, poderia seguir os passos de outras geniais obras de curta duração, como as coletâneas de curtas “Genius Party” e “Deep Imagination”, mas o Studio 4ºC não consegue. Yasuhiro Aoki, diretor dos animes “Tweeny Bruxas” e “Batman: Gotham Knight”, e também diretor, designer dos personagens e responsável pelo "storyboard" de “Honey Tokyo”, parece ter criado uma animação confusa, mesclando imagens reais e animações, uma tentativa que já se viu aplicada em alguns outros animes, mas que neste se mostrou de muito mau gosto.


A história do anime começa com uma menina que, aparentemente, é uma alienígena ou um robô que captura um menino que estava passeando nas ruas de Tóquio. Após a captura, ela lhe explica que tem uma missão: levar a felicidade ao futuro. E num lance de pincel, rouba as cores de Takeru, o garoto. Bom, uma história que poderia ser muito boa e cativante comete o terrível erro de correr demais e tropeçar. Há pouco comentara dos grandes curtas do Studio 4ºC, mas também posso citar os curtas de Makoto Shinkai, que passam sua mensagem em 5 minutos sem precisar correr contra o tempo, e fazem isso com grande delicadeza e poesia. Já “Honey Tokyo” é afobado demais, tenta em 10 minutos falar da cidade de Tóquio inteira, como se tivesse que mostrar serviço. Mas pra quem?

O estrangeiro que assistisse a “Honey Tokyo” ficaria totalmente atordoado com a velocidade da história e o frenesi das imagens, e não teria paciência de retornar em certos pontos para compreendê-la, até porque falamos aqui de uma propaganda. Agora imaginemos um americano ou qualquer outro estrangeiro que não se encontra habituado com os animes japoneses, com a linguagem da animação japonesa e se depara com isso... Certamente ele não iria compreender nada, muito menos se sentir atraído a ponto de visitar a famosa metrópole.

Diversos pontos que, em minha opinião, poderiam realmente exaltar a metrópole são deixados de lado. Em certo momento, a felicidade que é tanto tratada parece encontrar-se nas compras, ou nas roupas, e não na tradição japonesa, que é sim apresentada, mas que poderia ter maior destaque. Tanto acredito nisso que o momento em que animação encontra bom ritmo é quando Takeru tenta mostrar a felicidade pra aquela personagem do futuro com figuras e símbolos da tradição japonesa. Neste momento o anime parece engrenar, encontrando um ritmo harmonioso, deixando de lado por alguns instantes aquele ritmo frenético que deixa o espectador atordoado e começa a trazer a paciência da tradição japonesa, o que é muito mais importante.



É triste, mas “Honey Tokyo” não cativa. Parece-me que animação caíra num mal que outra animação brasileira recentemente em cartaz chamada “Brasil Animado” também irá cair, tentar mostrar o Brasil “pra gringo ver”. Mas certamente, graças aos seus poucos minutos de duração, “Honey Tokyo” é uma obra que pode ser vista apesar dos problemas. Afinal, ninguém irá morrer por isso...


Vinícius Chamiço