segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Neon Genesis Evangelion: The End of Evangelion (Movie)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 18/09/2004

Alternativos: Shin Seiki Evangelion Gekijô-ban: Air / Magokoro wo kimi ni
Ano: 1997
Diretor: Hideaki Anno
Estúdio: Gainax / Production I.G. / MOVIC / Toei Animation
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 97 min
Gênero: Drama / Mecha / Sci-Fi



A primeira coisa que há para ser dita sobre este "filme" é que o mesmo não é um filme de verdade. Quando Hideaki Anno ficou sabendo que o final da série de televisão não poderia ser do jeito que ele queria, ele criou um final para a televisão e outro para os VHS (DVD não era coisa em plena moda na época). Assim, o video "The End of Evangelion" nada mais é do que os episódios 25 e 26 muito mais proximos à idéia concebida na cabeça de Anno.

Outra coisa que deve ser explicada é que, apesar disso, o filme não é um final diferente da série de televisão. Ele é a conclusão da série. O roteiro de Anno foi modificado para se encaixar dessa forma. Digamos que a série de TV mostra a instrumentabilidade pelo lado "de dentro", e o filme, pelo lado "de fora". Tenha isso em mente porque a forma como a série de TV acaba serve para explicar porque o filme termina daquela maneira.

Mais uma coisinha: dê uma olhadinha na série antes. Evita pelo menos 70% dos "ãh???" que o filme proporciona. Se não assistiu, assista. Eu espero......

Ok, assistiu? Vamos lá, então.

Dito isso, vamos aos fatos:

EPISÓDIO 25: "Ária"

Continua imediatamente onde o episódio 24 termina. A cena que abre esse episódio é um dos motivos que fizeram Anno bater o pé em relação ao final da série de TV. Não é nada de mais, na realidade, mas é algo que jamais iria passar de tarde na televisão japonesa. Mostrar o lado humano dos personagens, foi o que me disseram. Tá.

Segue então a coisa mais lógica que poderia acontecer: se o ultimo anjo foi derrotado, para que a Seele precisa de Gendo Ikari e da NERV? Acertou a resposta quem disse "não precisa". Mais do que não precisar, deixar brinquedos como os EVAs nas mãos de alguem que os velhos não confiam é algo que ninguem faria. Ninguem, nem eu ou você. Então? Toquem as trombetas, soltem os cães, senhoras e senhores: está aberta a temporada de caça à NERV.

Seguem então as melhores seqüências de ação da série toda, só pra lembrar que o mundo de Evangelion tem mais do que crianças fazendo o trabalho de gente grande. Coisa séria mesmo. Cenas de que só são interrompidas pela figura extasiantemente maçante de Shinji Ikari. E quem não teve vontade de vir correndo e emendar um chute na cabeça daquele moleque quando ele ta sentado no chão que atire a primeira pedra. Ah, que ele precisava ter uma conversinha com a dona Excel, ah como precisava...

Mortes, sangue, destinos sendo decididos. O que Evangelion tem de melhor a oferecer ao lado "Jack Bauer" das nossas mentes. Ou seja, esse primeiro episódio do filme amarra as pontas soltas dos
personagens secundarios. Algo como um episódio de TV com mais ritmo.

Há de ser mencionada também a luta entre Unidade-02 Asuka e a Seele. A própria Sunrise não faria melhor... ou faria? Depende do gosto de cada um.


CAPITULO 26: "Sinceridade para você"

É aqui onde o conhaque vira gin tônico de vez. Se você gosta de Evangelion, vai adorar esse episódio e o modo como ele termina. Se você detesta, mas começou a gostar um pouquinho pelo episódio anterior, é aqui que se enoja definitivamente.

O capitulo 26 leva os seus 24 minutos para mostrar na prática, pelo lado de fora, como funciona a tal da instrumentabilidade (o que levou os 2 ultimos capitulos da série de TV para explicar... não vamos entrar no mérito se foi necessário ou não). A sequencia é graficamente bela, e responde a muita coisa levantada na série: o que é o campo AT; porque Gendo Ikari é como é; o que é o Geofront; qual a diferença entre Lilith e Adão; porque Yui levou o fim que levou, e outras "cositchas mas". Mas também levanta novas teorias para debate quase na mesma proporção.

Para se ter uma idéia, nos cinemas japoneses foi distribuído um livrinho que ficou conhecido como "o livro da cruz vermelha". Sem isso, ou sem entender alguma coisa de Cabala, você fica boiando bonito na maior parte do episódio, porque o que aparece graficamente na tela simplesmente não terá muito sentido, e este é um problema sério desse episódio. Embora continue sendo bonito e a trilha sonora ajude, fazer sentido é bom às vezes...

Falando em graficamente, o filme não é muito superior à própria série. Já a trilha sonora mantém a qualidade e o ritmo apresentado na série, merecendo destaque a música-tema da batalha da Asuka e, ainda, "Komm Süsser Tod", a música-tema do processo de instrumentabilidade humana, que é uma cena ótima, no melhor estilo Gainax (quem assistiu a FLCL tem idéia do que é quando eles acertam na trilha sonora para aquela cena em especial). Se bem que o filme estaria mais para ganhar um Oscar de efeitos sonoros do que de trilha sonora propriamente dita, se é que me entendem.



O final, pelo menos, é o melhor final que a série poderia ter. Tem gente que gosta de tudo minimamente explicadinho antes do fim, tem gente que gosta de série aberta assim para deixar a imaginação e mesmo as crenças preencherem as lacunas. Seja qual for o seu caso, o filme vale a pena por mostrar realmente como termina a série. Não que seja o melhor final de todos os tempos, mas eu pelo menos não consigo imaginar um melhor para esta série em especial.

Se você é um daqueles "fãs-fanáticos" de Evangelion, nunca mais verá as praias com os mesmos
olhos... E, cá entre nós, se você se deu ao trabalho de assistir a 26 episódios, 2 a mais para "fechar o causo" não matam ninguém, não é?

PS: Não se enganem: o motivo pelo qual o Shinji reage é pela mancha de café na camisa!


Cilon Mello