sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Planzet (Movie)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 21/04/2011

Ano: 2010
Diretor: Jun Awazu
Estúdio: CoMix Wave Inc. / Media Factory
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 53 min
Gênero: Ação / Mecha / Sci-Fi



A animação computacional oriental ainda está no começo, sem a mesma importância da tradicional, ao contrário do que já aconteceu no ocidente. Mesmo assim, grandes esforços têm sido feitos nessa área, ainda que muitos deles sejam relativamente em vão.

Produzido por CoMix Wave e Media Factory, Planzet é uma animação computacional que, por conter menos de 1 hora de duração (com créditos finais inclusos), por pouco não fica na categoria de "curta-metragem". Mesmo assim, o filme contou com uma grande campanha de divulgação no Japão, com direito até a contagem regressiva no site oficial.

Planzet se passa em 2047, quando uma raça alienígena chamada F.O.S invade a órbita da Terra e inicia um ataque de extermínio, derretendo as calotas polares da Antártida, obrigando a humanidade a se exilar em Marte.

Após várias tentativas frustradas de derrotar a F.O.S, a humanidade cria uma nova arma, tão poderosa que "até os deuses a temeriam", para uma investida final que pode definir o futuro da humanidade e dos alienígenas para sempre.

Se não deu para perceber o quanto a história é batida, o enredo não deixará dúvidas, pois os clichês fazem a festa neste filme. Personagens com construção psicológica rasa, situações exageradas, pieguice, lugares comuns, tentativas de humor nos lugares errados, emoções forçadas e mortes futilmente heróicas desfilam pela tela. O pior é que alguns destes itens listados ainda aparecem mal encenados.


E por falar em encenação, a parte técnica é bastante controversa. Enquanto os cenários em geral estão muito bem construídos, com excelentes jogos de texturas e determinados ângulos de câmera até interessantes, o filme beira o monocromático, tamanha a ausência de cores e, consequentemente, de contrastes - tornando o apelo visual muitas vezes monótono. Mas o destaque especial está na movimentação dos personagens, que é adequada na maior parte do tempo. Entretanto, os animadores se preocuparam mais em cuidar do movimentos capilares dos bonecos do que com todo o resto da movimentação corpórea dos mesmos, pois problemas nesse aspecto são bastante comuns.

Os aspectos sonoros de Planzet também deixam a desejar, talvez não nos efeitos sonoros ou nas dublagens, mas principalmente na decadente trilha sonora, feita aparentemente com antigos teclados MIDI, e culminando em uma música de encerramento pouco inspirada em que a cantora Chitose Hajime usa os problemas de sua voz desafinada como arranjo especial para a canção.

Muitas coisas ficam excessivamente forçadas em Planzet. É difícil acreditar que a força militar de todo o Japão tenha se resumido a 3 funcionários completamente patéticos e seu (único) superior. Além do mais, se a "arma secreta" é tão poderosa assim, porque ninguém teve a idéia de usa-la antes? Tinha que esperar a Terra ser devastada como foi para, aí sim, usá-la quando não há mais o que fazer? E o que dizer das incríveis motivações dos personagens, ou dos moderníssimos computadores pré-Segunda Guerra Mundial das instalações militares?



Planzet está mais para filme de ação da "Sessão da Tarde" do que para uma obra memorável campeã de bilheteria. Talvez pelo fato de ser tão curto, não tenha dado muito tempo para uma exploração melhor de todo o seu potencial. De qualquer forma, Planzet deixa um ar de "filme barato", daqueles cujo trailer normalmente é mais emocionante do que o próprio filme.


Emanuel Silva Sena