sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Petit Eva (ONA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 10/03/2012

Alternativos: Petit Eva - Evangelion@School
Ano: 2007
Diretor: Shunichirō Miki, Hiroaki Sakurai
Estúdio: Kanaban Graphics / XEBEC
País: Japão
Episódios: 24
Duração: 3 min
Gênero: Comédia



Eu queria ver a cara de um Evangelion assistindo a esta série, com toda a sua força e ferocidade, sendo retratado de uma forma tão fofinha e engraçadinha! Hehehe, seria que daria um “berserk”?!

Produzido por Gainax, Khara e Xebec, Petit Eva é uma série paralela com os personagens de Neon Genesis Evangelion em um ambiente escolar. Shinji, Asuka, Rei, Eva-01, Kaworu e companhia são estudantes de um colégio, sendo Misato a professora, e Gendou, o diretor. Outros personagens como Yui e várias outras versões da própria Rei aparecem pelos capítulos.

Esqueça a carnificina e as questões filosóficas, aqui tudo é retratado com um jeito totalmente infantil que, por pouco, não estaria apto a aparecer na programação de canais infantis como o Discovery Kids. Não há diálogos, o que permite que até mesmo deficientes auditivos possam assistir sem problemas e sem a necessidade de legendas.

A série é dividida em duas partes, a primeira produzida pela Gainax/Khara, e a segunda, pelo estúdio Xebec. Vamos falar separadamente de cada uma, pois ao contrário do que possa parecer, diferenças muito marcantes se escondem por traz delas...

A “parte Gainax” é a mais “kawaii” das duas; Cores suaves e personagens e cenários fofos são a ordem do dia, nunca imaginei como o Evangelion-01 poderia ser retratado de uma forma tão menos agressiva e até divertida como ele está aqui. A trilha sonora é igualmente doce, com músicas suaves que só mudam para uma tonalidade mais alegre quando sugerido, se encaixando perfeitamente na proposta açucarada da série. A movimentação dos personagens é suave e sem problemas de encaixe ou colisão, com uma ótima taxa de quadros por segundo, garantindo maior harmonia entre os elementos.

As histórias são simples e bastante curtas, não sendo necessário que o espectador conheça a série Neon Genesis Evangelion para compreendê-las. Alguns capítulos são divididos em duas partes, porém retratados em visões diferentes do mesmo acontecimento. Nesses casos, algumas histórias podem parecer muito bobas e sem sentido, mas quando vista a “segunda parte” é que se compreende melhor as coisas. Outros são realmente independentes, e curiosamente, são os capítulos mais divertidos e engraçados, valem a pena serem vistos!


Já a segunda parte da série feita pela Xebec, além de ser mais longa que a parte feita pela Gainax, trouxe várias mudanças um tanto discutíveis para a série.

A começar por fatores técnicos. Houve um empobrecimento visível da qualidade visual, onde o arredondamento das arestas dos polígonos usados na construção dos personagens foi diminuída, tirando um pouco do ar de “fofura” dos mesmos. Os cenários, apesar de mais ricos em elementos, pioraram ainda mais em qualidade, tanto na renderização quanto na escolha de texturas, isso quando a movimentação da câmera não mostra (sem querer) alguma falha grave no cenário, como a ausência dele. A movimentação dos personagens também ficou muito ruim, com quantidade de quadros de animação inconstante e personagens “mais duros”; .e antes eles pareciam de pelúcia, agora parecem ser de plástico mesmo.

Outra mudança muito forte é quanto a trilha sonora. Se antes ela era doce e meiga, aqui ela muda completamente para o Pop e o Rock. A qualidade não é ruim, ao contrário, as faixas são realmente muito boas e empolgantes, mas destoam da proposta original de Petit Eva, em que uma alma infantil e agradável deveria dar as cartas. Algumas músicas por sinal até combinam realmente com as histórias... Aliás, as histórias...

Se antes elas eram simples e até mesmo bobas, aqui elas ganham uma roupagem bem mais complexa, com vários acontecimentos e até mesmo uma tentativa de enredo mais rebuscado. Apesar de avançar neste aspecto, se comparado à parte da Gainax, há momentos em que ela acaba tropeçando na própria esperteza, pois muitas histórias ficaram tão complexas que alguns acontecimentos ficam difíceis de entender num primeiro momento, pois a interpretação particular do diretor acaba atrapalhando a proposta de uma história suave, mesmo para coisas mais rebuscadas.

De qualquer forma, há aqui, como sempre em produções Gainax, um pouco de apelo erótico. Desde closes em shorts agarradinhos até o que eu poderia chamar de “corrupção de menores” para não usar um nome mais forte, algo que por sinal não é muito novidade na franquia Evangelion.



Petit Eva é uma série muito curiosa. Seu início doce e bobo acaba conquistando e convencendo mais facilmente do que a esperteza da segunda parte do estúdio Xebec. De qualquer forma, por não ser uma série muito longa e com capítulos muito curtos, é um aperitivo bastante açucarado para qualquer idade.


Emanuel Silva Sena