segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Level E (TV)

Ano: 2011
Diretor: Toshiyuki Kato
Estúdio: David Production / Pierrot
País: Japão
Episódios: 13
Duração: 24 min
Gênero: Ação / Drama / Comédia / Sci-Fi



Level é a adaptação de um mangá de 3 volumes escrito entre 95 e 97 pelo autor do clássico Yu Yu Hakusho, Yoshihiro Togashi, que atualmente trabalha (ou não...) em Hunter x Hunter. Aparentemente, o Togashi quis dar um tempo entre dois shounen de ação tradicionais e resolveu fazer uma coisa mais experimental. Mas colocou os carros na frente dos bois.

Na ambientação do anime, a Terra é habitada por inúmeras espécies de alienígenas, cada uma com um motivo para estar aqui. Só que a humanidade não sabe nada sobre isso. O anime começa com a chegada de Tsutsui Yukitaka em uma cidade do interior. Vindo da cidade grande, Yukitaka vem para jogar no time de beisebol de uma escola local. Ao chegar em seu novo apartamento, ele é surpreendido por um cara estranho que diz ser um alien (e imita o alien do filme do Spielberg) cujo OVNI caiu e que, por isso, perdeu a memória. Yukitaka não acredita, mas ao ver as notícias na TV sobre a queda de um OVNI na região, ele acaba comprando a versão do estranho e, após o alien fazê-lo se sentir culpado por deixá-lo sem teto, ele acaba deixando o estranho ficar na sua casa temporariamente. A partir daí, como diria o narrador da sessão da tarde, Yukitaka e a sua vizinha, Edogawa Miho, filha de um dos cientistas que estudam o OVNI, se metem em altas confusões junto com este alienígena para lá de pirado.

Bom, a sinopse não conta muito porque não quero estragar as surpresas. Como eu mencionei antes, este anime é diferente de boa parte dos que vemos por aí. Ele lembra muito a estrutura de séries como Arquivo X e Fringe, sempre com casos misteriosos que envolvem os protagonistas, seja como vítimas ou como investigadores. A diferença é que Level E não se leva a sério e é cheio de comédia.


O anime tem muitas personagens e não dá para descrever todas. O principal, e que aparece em quase todos os arcos do anime, é o alienígena, chamado Baka. Sim, eles usam esse nome para fazer trocadilhos, já que "baka" significa idiota em japonês. Mas ao contrário do seu nome, Baka é extremamente inteligente e ocupa um lugar importante entre os aliens. Só que ele só se interessa em usar seu intelecto e sua posição para causar transtornos aos outros. Tentei procurar paralelos nos animes mas só achei nos desenhos ocidentais. Ele age de maneira parecida com o Pernalonga, que muitas vezes faz o maior esforço só para sacanear o Patolino ou o Hortelino, entre outros. Era exatamente o tipo de personagem que eu sempre quis ver em um anime.

Entre as outras personagens, as de maior destaque são o esquentadinho Yukitaka e o esquentadaço alienígena Kraft, que, por sinal, são dois dos alvos preferidos das brincadeiras de Baka.

A qualidade técnica do anime é boa. O traço me agradou bastante e a animação é competente. A dublagem é muito boa, com destaque para o dublador do Baka, e a trilha sonora cumpre o seu papel, com músicas que passam bem o clima de mistério. Aliás a trilha lembra muito as de filmes mais antigos de alienígenas. A sequencia de abertura é bem legal e a música, cantada pela atriz que faz a Go Go em Kill Bill, é um rockzinho bem legal. A música de encerramento é um j-rock bem competente.

Mas, e então? O experimento do Togashi teve sucesso? Mais ou menos. Os casos apresentados no anime são interessantes e a comédia é das boas. Só que o anime tem alguns problemas que o impedem de alcançar aquele patamar de obra-prima. E a maioria deles é resultado justamente do caráter experimental do anime, que o faz ser dividido em arcos sem muita conexão entre si.

Em obras deste tipo é difícil se envolver, já que não existe uma sequência de fatos que gera as situações. Séries como Fringe e Arquivo X resolvem isso colocando um arco central que vai se desenvolvendo aos poucos por trás dos casos da semana. Level E não possui isso e, para piorar, a troca de protagonistas entre os arcos deixa a tarefa de criar uma conexão mais difícil. Além disso, o anime não possui lutas ou momentos tensos em que um protagonista faz algo legal e inteligente para sair de uma situação apertada. Até existem soluções inteligentes no anime, mas o clima descontraído que impera no anime retira boa parte da tensão. Isso acaba tornando muitos dos arcos mornos. E para finalizar, o anime dá muito espaço para arcos que não são tão divertidos, como o da paródia de j-rpgs, que começa legalzinho, mas cansa.

Apesar disso, Level E consegue ser interessante e divertido, com alguns dos arcos sendo muito bons, com destaque para o arco final que fecha o anime com chave de ouro. Fazia tempo que eu não via um final tão satisfatório.



Level E é um anime de mistério e comédia que possui um protagonista que é uma figuraça. Não é uma obra-prima, mas é divertido. É um anime que eu recomendo para aquelas horas em que você quer ver algo diferente do feijão com arroz dos animes.


M4rc0 AFRL