terça-feira, 7 de março de 2017

NANA (TV)

Ano: 2010
Diretor: Morio Asaka
Estúdio: Madhouse
País: Japão
Episódios: 47
Duração: 30 min
Gênero: Drama / Romance



Nana adapta o mangá serializado na revista Cookie e escrito por Ai Yazawa (Paradise Kiss), que infelizmente anda bastante doente e não pode continuar a história.

O anime conta a história de duas jovens chamadas Nana (sete em japonês), Nana Ozaki e Nana Komatsu (apelidada pela primeira de Hachi, que signfica oito em japonês). As duas se encontram pela primeira vez no trem em direção a Tóquio, já que ambas se dirigiam para lá por motivos diferentes. Nana, para tentar a sorte na carreira de cantora, e Hachi, para encontrar seu namorado, Shoji, e seus amigos que deixaram a cidade natal deles um ano antes, para tentar entrar na faculdade em Tóquio. Por causa do clima ruim, a viagem demora bastante e elas têm tempo para conversar. Após chegarem em Tóquio, por coincidência, as duas se reencontram em um apartamento (de número 707) que estavam olhando na esperança de alugar e decidem morar juntas para rachar o aluguel. A partir daí, o anime mostra a convivência das duas e a busca de ambas para realizar seus sonhos.

O anime começa com um foco maior na Hachi, menina um tanto mimada, que gosta de estar sempre na moda e que se interessa com facilidade por qualquer cara bonito, mas que também se importa muito com seus amigos. Após um ano juntando dinheiro na sua cidade natal, ela vai para Tóquio encontrar seu namorado Shoji e seus amigos Junko, amiga de infância mais madura que sempre cuidou da irresponsável Hachi, e Kyousuke, namorado da Junko. Além de encontrar seus amigos, ela deseja se tornar uma adulta responsável.

Já a Nana é uma cantora punk (mas um punk meio "visual kei", vocês sabem como os japoneses adaptam as coisas), ambiciosa e de personalidade forte. Na sua cidade natal ela era vocalista da banda Black Stones, abreviada para Blast, e tinha certa fama. Mas apesar do jeito de durona, Nana também tem as suas fragilidades. Ela tinha um relacionamento com Ren, baixista da banda, que também foi para Tóquio um ano antes, só que para ser guitarrista da banda Trapnest (da qual Hachi é fã), banda da cidade deles que já estava se profissionalizando, deixando assim a Blast. Nana não quis ir com ele, para buscar seu próprio sonho de ser uma vocalista de sucesso, e ficou até decidir ir para Tóquio, no que é seguida, a contragosto, por seus colegas da Blast: Nobu (guitarra) e Yasu (bateria). Com a adição do jovem Shin (baixo) à formação, eles buscam tornar a Blast uma banda profissional. Ah, sim: os membros da Trapnest, abreviado (ou nem tanto) para Toranes, também participam do enredo. Mas acho que já falei o suficiente das personagens e mais do que isso estraga.


Nana é um anime bastante dramático, às vezes até demais para o meu gosto, mas isso é comum em animes do gênero. O anime é cheio daquelas coincidências incríveis, que colocam as pessoas certas no lugar certo e na hora certa, o que é sempre um tanto chato. Além disso, o anime tem uma característica que é até comum, mas da qual eu não gosto, que é a de, dado um grupo de personagens apresentado, criar-se um “microcosmo” no qual eles começam a se relacionar demais entre si e é como se não houvesse gente de fora. Isso sempre me lembra aquele poema “Quadrilha”, do Drummond. Felizmente, de quando em quando surge gente nova para dar um ar de novidade à trama.

Mas todos estes defeitos que eu coloquei são pouco relevantes, sendo o grande defeito do anime o final em aberto, já que o mangá continua, e isso te deixa curioso sobre a continuação da história.

O motivo do anime ser tão competente é o trabalho que a Yazawa fez nas personagens, que são muito bem construídas. Não existe nenhuma personagem unidimensional e todas, tirando licenças poéticas, são bastante críveis. Elas erram, acertam, sofrem, se divertem, amam e brigam de uma forma que te faz reconhecê-las como pessoas reais, e não personagens pré-moldadas para cumprir todos os clichês, como é bem comum nos romances shounen. Aliás, ao contrário destes, o anime não idealiza nada. Não há meninas lindas e provocantes, mas puras e virginais, que estão só esperando o príncipe encantado ou coisa do tipo. Nem o cara inepto e sem iniciativa que por algum motivo atrai todas as meninas ou o cara bonito/esperto/popular/perfeito e etc. que se apaixona pela desajeitada heroína de alguns romances shoujo. O anime retrata uma juventude mais realista, que bebe, fuma, faz sexo, trai, tem problemas de relacionamento e etc. mas sem banalizar: afinal, é um romance. Aliás, esse é outro ponto positivo do anime a meu ver: o anime mostra a vida de jovens adultos no Japão, ao invés dos já manjados colegiais. Infelizmente, o anime, apesar de mostrar o pessoal em estúdios e os bastidores da indústria de entretenimento, não dedica tanto tempo ao processo de criação das músicas, ensaios, técnicas e etc. quanto eu gostaria.

O anime é bastante competente nos aspectos técnicos. A animação e a colorização cumprem seus papéis, e o traço, parecido com o original do mangá, é bastante expressivo. Como o anime é sobre música, ter uma trilha sonora ruim seria um pecado. Por sorte, Nana é bastante competente neste quesito. As músicas de fundo dão o tom certo para as cenas e as músicas das bandas Blast e Toranes, que são usadas como aberturas e encerramentos, são muito boas. A produção foi sábia e chamou cantoras de verdade para escrever e interpretar as músicas da Nana (interpretadas por Anna Tsuchiya) e da Reira (vocalista da Toranes, cujas músicas são cantadas por Olivia Lufkin), mesmo com as dubladoras das duas também trabalhando como cantoras. Por falar na dublagem, ela é muito competente e os dubladores não deixam a peteca cair quando é necessária uma atuação mais emotiva.



Nana é um anime que justifica sua fama. É um anime de romance e drama muito bem feito, com ótimas personagens e um bom roteiro, além de músicas acima da média. Recomendado para todos os fãs de um bom romance e para aqueles que, como eu (nbséc), não são muito de romance, mas querem variar um pouco.


M4rc0 AFRL