sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Desert Punk (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 31/12/2008

Alternativos: Sunabozu
Ano: 2004
Diretor: Takayuki Inagaki
Estúdio: Gonzo
País: Japão
Episódios: 24
Duração: 24 min
Gênero: Ação, Comédia, Ecchi, Ficção científica



Desert Punk é um anime baseado no mangá homônimo criado por Usune Masatoshi que atualmente encontra-se em publicação. O anime tem 24 episódios dirigidos pelo estúdio Gonzo, com direção de Takayuki Inagaki.

O grande deserto de Kanto é o lugar onde a história se passa. A Terra inteira é um deserto fervente de dia e congelante à noite, devido a um caos massivo ocorrido na Idade das Trevas (mais ou menos no 3° milênio) que arrasou o planeta inteiro. Como conseqüência (cerca de 1 milênio depois), poucos lugares possuem água, recurso natural que vale muito nesses tempos, sendo a mesma controlada pelos Governos do Oásis, que são os lugares que mais possuem água.
Nesse mesmo deserto encontramos o protagonista Mizuno Kanta, um mercenário conhecido por sempre concluir seus trabalhos, e grandemente temido e reconhecido no vasto território de Kanto devido às suas habilidades meio fora do comum e que sempre dão certo. Esse mercenário é conhecido por Sunabouzu , “O Demônio do Deserto”.

Diferente de muitos animes por aí, Desert Punk faz jus ao título, já que o personagem principal é insano. Talvez muitos ainda não tenham visto e nem verão um ser mais pervertido, mesquinho, arrogante, desprezível, capaz de matar qualquer um por avareza e totalmente fácil de ser enganado por mulheres. É ver para crer. O problema fica grande mesmo quando aparece a super exageradamente peituda (e espertíssima) “Boing-chan” Asagiri Junko. É problema tanto pro Sunabouzu quanto para os que querem assistir algo sério ou pelo menos “normal”, pois as cenas "ecchi" são imensas, exageradas, a ponto de se dizer que este pode ser um dos animes shounen mais apelões dos últimos anos. É bom avisar: Desert Punk é pra quem gosta de anime, e não de “certos tipos” de anime.

Fora o excesso nas apelações que só fazem o Sunabouzu ser talvez o ser mais inescrupuloso da desértica Terra, podemos deixar o "ecchi" de lado e observar alguns pontos consideráveis como o enredo. Quem não agüentar passar do 12° episódio ficará extremamente desapontado com a série, já que os episódios não dizem muita coisa e demonstram apenas “diversão” para o espectador. Pode-se dizer que a primeira metade consiste no desenvolvimento em si da série, no que o autor quer passar, como a essência “punk” da série e o desenvolvimento dos personagens, já que todos são importantes. E é na segunda metade que esses personagens mostram porque estão na série.


Muitos poderão gostar do “Cobrador de Almas” Amagumo e dos irmãos Kawaguchi. Verão também o Kaido Masaru e a Natsuko Kawaguchi e alguns outros de grande importância, sem se esquecer da Asagiri Junko, personagem que tem suas peculiaridades em prol do anime (já o Sunabouzu poupa comentários: ame ou odeie). Mas, definitivamente, a personagem mais convincente e mais humana emocionalmente é a pequenina Koisumi Taiko (ou Kosuna), que no início implora pra ser a aprendiz de Sunabouzu após vê-lo concluir uma missão (muitos irão adorá-la, pois não há nada de estereotipado nela). E por que Sunabouzu aceita? Bom, eu já falei que ele é excessivamente mesquinho... E embora ele seja tão “desumano”, digamos assim, isso é justificável, já que nesse deserto ou se engana ou se é enganado. Os mais fortes e espertos sobrevivem e é assim que Mizuno Kanta encara as coisas. A verdade é que há razões para ele ser assim.

Ainda falando da segunda metade, é importante perceber a mudança na narrativa (nada de radical) que se concentra agora nos motivos políticos e pessoais de cada personagem e da própria história da Terra. O enredo se torna mais sério (de novo, nada radical), porém a essência ainda sobrevive em pequenas, raras quantidades pra quem gostou do "ecchi" da primeira metade. Algumas surpresas esperam a todos nos últimos episódios e muitos se impressionarão com os momentos finais (que merecem ser vistos com calma e analisados com atenção para que se entenda “cada lado da moeda”), verão a valorização dada pelo autor a todos os personagens e se surpreenderão com Kosuna e Sunabouzu (me calo por aqui ^^). Vale salientar aqui que as duas metades do anime divididas de acordo com a forma da narrativa vistas por mim não devem ser encaradas como duas partes distintas de uma mesma obra.

Indo agora para a parte técnica, pouco se pode falar pois nada de impressionante realmente foi feito aqui. Traços normais, trilhas sonoras adequadas... apenas um local e vestimentas diferentes do usual: um grande deserto quente cheio de armas, balas, bombas, canhões e equipamentos legais, ao invés de quimonos e espadas, fazendo deste anime uma obra pouco usual. Importância mesmo foi dada ao aspecto do anime e dos personagens.

Há mais um ponto a se considerar, e negativamente. A progressão da narrativa parecerá estranha em vários momentos, havendo muitas quebras no decorrer do enredo, principalmente a partir do 13° episódio. Em alguns momentos vemos algo engraçado, um ótimo momento pra dar umas gargalhadas e, de repente, a história se vê num momento sério, fazendo você perder a atenção, já que estava rindo, sorridente. E em outros momentos há cenas merecedoras de atenção acontecendo, cenas envolventes e bastante sérias e de repente AHÁ!, deveria ser hora de rir, mas não é o momento apropriado... Acredito que o autor quis fazer assim para que o protagonista não perca a sua essência do começo da série, o que é bom pro personagem e trágico para o enredo.



Desert Punk não é ótimo, nem horrível. Apenas mantém um nível regular dividido assim: 12 episódios iniciais loucos e meio dispersos com algumas várias cenas ecchi, feitos pra quem gosta, e 12 episódios finais mais sérios e bem desenvolvidos pra que ninguém largue a série, nem mesmo os que não gostaram do início. Com personagens carismáticos e de personalidades muitíssimo definidas, vale a pena conferir o anime inteiro e ver que nem só dos seios da Asagiri Junko vive o Sunabouzu, e que nem só de animes fofinhos e de personagens politicamente corretos vive um fã da animação japonesa.

Nota: Pra quem não sabe, Desert Punk já passou aqui no Brasil no final de 2007 e foi o primeiro anime televisionado pela MTV.


Marcos França