segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Fate/Zero (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animebook em 14/06/2013


Ano: 2011
Diretor: Ei Aoki
Estúdio: Ufotable
País: Japão
Episódios: 25
Duração: 25 min
Gênero: Ação / Drama / Fantasia



Para quem não sabe, Type-moon é uma empresa que produz visual novels, algo como um "livro eletrônico" com ilustrações e músicas de fundo, e é responsável por obras de enorme sucesso, como Tsukihime, Kara no Kyoukai e Fate/Stay Night, todas adaptadas para anime. Você, leitor, já deve ter pelo menos ouvido falar desta última. Na época de seu lançamento como visual novel, consolidou-se como um sucesso crítico e comercial estrondoso, algo que obviamente rendeu uma série de TV com 24 episódios, tornando-a ainda mais popular, apesar de críticas para com a adaptação.

Fate/Zero é um prólogo para a franquia "Fate", antecedendo os acontecimentos de Fate/Stay Night, mostrando mais sobre o pai adotivo de Shirou Emiya (protagonista de Stay Night) e a quarta Guerra do Santo Graal, tendo sido baseada em uma light-novel (livro ilustrado) escrita por Gen Urobochi (roteirista de Mahou Shoujo Madoka Magica).

Em um universo onde magos existem e operam nas sombras, existe um grande evento que se chama A Guerra do Santo Graal. Esta guerra consiste na convocação de sete magos que por sua vez invocam o seu "espírito heroico" (espíritos de grandes heróis passados) para lutar ao seu lado. O vencedor da guerra ganha o Santo Graal, um lendário artefato que dizem ter o poder de conceder qualquer desejo, mesmo que um milagre seja necessário para tal. Cada um dos participantes entra na guerra por seus próprios motivos e ambições, assim como seus espíritos heroicos, que também desejam o graal. Estes espíritos possuem sete classificações distintas, sendo elas: Saber, Archer, Lancer, Caster, Berserker, Rider e Assassin.

É na véspera de início da quarta "edição" deste evento que somos apresentados a Kiritsugo Emiya, um mago errante que deseja obter o graal para criar um mundo sem conflitos. Kiritsugo consegue se aliar aos Einzbern (uma nobre e poderosa família de magos), ganhando como artefato de invocação a lendária bainha do Rei Arthur. Depois de realizar o processo perfeitamente, ele se choca ao notar que o espírito invocado é uma jovem chamada Arturia, verdadeira identidade do lendário rei.

Após os outros participantes invocarem seus respectivos espíritos, começa a quarta Guerra do Santo Graal, onde alianças, traições, intrigas e muitas mortes deverão ser realizadas para a obtenção de um dispositivo onipotente de desejos.


Essa é a interessantíssima premissa de Fate/Zero, um anime absolutamente incrível e cerebral, que serve como um ótimo prólogo para os fãs e até mesmo uma "porta de entrada" para aqueles que não conhecem a série Fate ou a Type-moon no geral.

Apesar de o protagonista ser Kiritsugo, a série explora todos os outros sete participantes e seus espíritos, cada um com personalidade e motivação próprias, criando um ambiente em que ideais diferentes estão constantemente se enfrentando, o que é justamente a marca registrada da franquia. Apesar da abundância de lutas, a história claramente se foca mais na "humanidade" da coisa, nos questionamentos e desilusões por parte dos personagens e as consequências de seus atos. É só notar a quantidade enorme de diálogos que mais parecem um estudo de suas psiques (especialmente nos casos de Kiritsugo e Kirei Kotomine) do que conversas de fato. Isso pode parecer algo monótono, mas, por incrível que pareça, a complexidade e carisma dos personagens torna toda a experiência algo constantemente interessante e convincente, colaborando muito para a imersão do espectador no enredo.

Como não podia deixar de ser, o estúdio ufotable nos entrega um pacote visual de cair o queixo e que lembra muito os longa-metragens de Kara no Kyoukai. Ao longo de todos os 25 episódios, a qualidade de animação é simplesmente linda, desde o design de personagens até as lutas extremamente bem trabalhadas e fluídas. Pode se preparar para voltar o vídeo várias vezes, pois muito provavelmente haverá várias sequências (não só de ação) que você vai querer rever. O único tropeço é na utilização nem sempre bem aplicada de efeitos em CG, especialmente para monstros ou fenômenos em larga escala, que parecem grandes modelos em 3D não muito bem aliados à animação.

Uma trilha sonora composta por Yuki Kajiura (.hack//SIGN, Mahou Shoujo Madoka Magica) é sempre bem vinda, e o seu padrão de qualidade continua excelente em Fate/Zero. Desde as ótimas aberturas e encerramentos (estas tendo sido produzidas por outros artistas) até as sempre presentes e atmosféricas músicas de fundo orquestradas e com um amplo uso de coros gregorianos místicos, Fate/Zero nunca deixa a peteca cair. Muitos momentos do anime devem grande parte de sua carga emocional à Yuki Kajiura.

Como um pequeno comentário negativo, apenas saliento o fato de que alguns personagens (a maioria destes secundários) não foram tão bem explorados quanto talvez poderiam ter sido. É claro que essa "falha" é mínima, mas o contraste entre estes e todo o resto do elenco, cujos personagens e relações entre eles são muito bem analisadas e mostradas, deixa esse problema um pouco mais visível.



Concluindo, Fate/Zero é um ótimo anime recomendadíssimo tanto para os fãs da franquia quanto aqueles que nunca viram/leram nada sobre. É claro que, assim como praticamente todo o prólogo, alguns detalhes e nuances são apenas entendíveis para aqueles que já conhecem Fate/Stay Night, mas não é nada que vá atrapalhar o aproveitamento de um "novato" na série.

OBS: Para aqueles que pretendem começar a franquia por aqui, vale a pena avisar que alguns "spoilers" de Fate/Stay Night já são explicitados desde o início.

OBS 2: Para aqueles que só assistiram o anime, já vou avisando que a adaptação não foi lá essas coisas e só cobria uma das três rotas presentes na visual novel, justamente a mais "sossegada". Fate/Zero segue a linha mais "dark" e sangrenta das outras duas.


Lucas Funchal