Alternativos: Rainbow - The Seven Boys of Dorm 2, Room 6
Ano: 2010
Estúdio: Madhouse
Diretor: Hiroshi Koujina
País: Japão
Episódios: 26
Duração: 23 minutos
Gênero: Drama/Adulto/Histórico
"Rainbow – Nisha Rokubou no Shichinin" (algo como “Arco-íris – Os Sete Garotos do Segundo Dormitório, Cela 6") conta a história de seis jovens no ano de 1955, em um período do Japão pós-guerra, que foram parar em um reformatório juvenil por serem considerados delinquentes e lixos da sociedade.
Em um ambiente totalmente hostil, onde a dor e humilhação se tornam algo cotidiano, os garotos conhecem um companheiro de cela mais velho, cujo tempo de pena está prestes a acabar, chamado Rokurouta Sakuragi. Servindo como um mentor e irmão mais velho para eles, os sete jovens não demoram a se tornarem grandes amigos e, juntos, se agarram ao pequeno fio de esperança de um dia saírem e realizarem seus sonhos. Porém, isso não vai ser nada fácil, com os constantes abusos por parte de um guarda do reformatório.
"Rainbow" é o típico anime que já mostra a que veio em seus primeiros minutos, ou seja, um drama envolvendo jovens injustamente taxados de delinquentes como forma de crítica a um período histórico do país, onde valores morais e a vida de muitas pessoas estavam virados de cabeça para baixo.
Em uma série desse tipo, personagens carismáticos e humanos são de extrema importância, e ainda bem que isso foi muito bem trabalhado aqui, principalmente com relação aos jovens da cela seis. Cada um com uma personalidade e angústias marcantes e genuínas (talvez, Repolho e Soldado nem tanto), são eles que fazem a história andar, e quem assiste consegue se importar com cada um deles. Um ponto que merece destaque é também o realismo brutal do anime, com muitas situações tensas ao extremo, porém completamente plausíveis, chegando ao ponto de causar um sentimento de indignação em certos momentos.
Pode-se dizer que "Rainbow" é dividido em duas partes: o reformatório, e a vida dos jovens fora dele (antes que alguém grite “spoiler!”, é só dar uma olhada na abertura que isso já fica bem claro desde o primeiro episódio). Embora exista uma certa quebra de ritmo, já que na primeira metade temos um enredo mais estruturado, enquanto na segunda o formato se torna mais centrado em arcos distintos, a história nunca deixa a peteca cair e consegue se manter constantemente interessante, sempre com muito cuidado para não se tornar um conto de fadas onde tudo acaba no “felizes para sempre”. Mesmo fora do reformatório, a vida de jovens como estes é repleta de obstáculos e problemas.
Como é quase sempre o caso de um estúdio peso-pesado como o Madhouse (Death Note, Claymore), a animação é top de linha, com muita atenção nos detalhes e totalmente estável do início ao fim da série. A trilha sonora também é muito boa, com o incrível tema de abertura “We`re Not Alone” (Coldrain) e o encerramento “A Far-Off Distance” (Galneryus), que cai como uma luva para a série. Dentre as músicas de fundo, porém, não há nada que fique na memória ou que seja de grande destaque, apenas cumprem seu trabalho.
Como já devem ter percebido, a nota não é máxima: logo, a série também é dotada de alguns defeitos. Para ser mais exato, três pequenos. O primeiro é o fato de que dois dos sete protagonistas não foram tão bem explorados quanto o resto, como já foi mencionado. Não é que sejam personagens ruins ou algo do tipo, mas a impressão é a de que eles foram deixados um tanto de lado, sem um grande desenvolvimento ou qualquer tipo de revelação sobre como foram parar no reformatório, pra começo de conversa. O segundo problema está em alguns poucos deslizes quanto à dose de dramaticidade em algumas sequências, resultando em uma ligeira pieguice aqui e ali. Não chega nem perto de estragar o pacote como um todo, mas de vez em quando a choradeira e a tendência “repentinamente poética” dos personagens se tornam enjoativos. O terceiro está no design de personagens em si, já que é possível identificar quem é mau-caráter a quilômetros de distância. Enquanto os personagens bons são desenhados de maneira normal, os malvados são sempre retratados de forma feia, com feições caricaturescas, olhos pequenos e arregalados.
No fim das contas, "Rainbow" é um anime obrigatório para aqueles que gostam de uma história com os pés no chão ou que querem dar um tempo de super-poderes sobrenaturais e afins. Com uma história realista e dramática, além de ótimos personagens, "Rainbow" é mais um dos vários exemplos de como um anime pode muito bem ser voltado para o público adulto e não perder em nada para seriados, filmes e afins.
Lucas Funchal