segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Shiki (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 29/04/2011


Ano: 2010
Estúdio: Daume
Diretor: Tetsuro Amino
País: Japão
Episódios: 22
Duração: 23 min
Gênero: Drama / Mistério / Terror / Suspense



Sotoba é uma vila isolada nas montanhas, com pouco mais de 1.300 habitantes, a grande maioria de idosos e tradicionalistas com forte apego à religião e costumes antigos. Apesar de tudo isso, a vila possui um peculiar casarão estilo europeu, mais parecido com um castelo, onde vive a misteriosa e recém chegada família Kirishiki.

Tudo vai bem na vila até que, de repente, uma estranha e violenta epidemia começa a atacar seus moradores, causando sempre os mesmos sintomas antes da morte, como anemia e depressão. A contagem de corpos continua aumentando a um ritmo alarmante, e o chefe da única clínica da região, Toshio Ozaki, começa a investigar as causas para tal fenômeno, porém sem nenhum sucesso.

Ao mesmo tempo, Yuuki Natsuno, um garoto que se mudou contra sua vontade para Sotoba devido a seus pais, também começa a investigar a causa de tantas mortes na vila, e acaba encontrando respostas que nunca imaginaria.

Baseado nas “light novels” de Fuyumi Ono (que já renderam uma adaptação para o mangá), "Shiki" (que significa algo como “Cadáver Demoníaco”) é um anime de terror e mistério... Ou melhor, um anime predominantemente de mistério, já que o “fator terror” não é lá muito importante aqui, pendendo mais para o suspense. Grande parte do início da história é contada de forma bem lenta e detalhada, e as coisas demoram um pouco para começarem a engrenar, mas, para aqueles que têm paciência, "Shiki" pode ser muito recompensador. Apesar de usar de um tema de certo modo “batido” (revelar qual é nessa resenha seria tecnicamente "spoiler"), "Shiki" consegue criar uma trama bem original e interessante, dando margem a vários questionamentos filosóficos sobre o assunto. Ao fim da série, por exemplo, é simplesmente impossível não sentir afeto ou pena tanto pelos personagens “do bem” como pelos supostamente malvados.


Falando em caracterização, "Shiki" acerta e erra nesse quesito, já que é uma história de muitos personagens. Alguns deles são realmente muito bem construídos e importantes durante a série inteira, outros têm “momentos de importância irregulares” para logo após serem esquecidos por muitos episódios, além daqueles que simplesmente não tem muito destaque ou são apenas irritantes e inúteis. Inclusive, pode-se dizer que o anime começa com um protagonista e termina com outro, e certos personagens que eram parte fundamental da história no início se mostram secundários no final.

Com relação ao visual, a animação é estável e bem produzida no geral, porém nada de muito destaque. O que geralmente pega todo mundo de surpresa, no entanto, é o design de personagens. Para uma história desse tipo, imagina-se que seria adequado usar um estilo mais realista e sombrio de desenho, mas, ao invés disso, temos um design EXTREMAMENTE estilizado, chegando ao ponto de ser quase cômico em certos momentos. Personagens com colorações capilares que vão de roxo à verde, além dos cabelos e barbas em si serem extremamente bizarros, principalmente nos personagens masculinos, chegando a lembrar “Yu-Gi-Oh!”. Com o tempo, o espectador se acostuma com isso, mas de início é realmente difícil levar a sério personagens que tem um corte de cabelo parecido com orelhas de cachorro, capacetes ou teias de aranha tingidas.

No que diz respeito à trilha sonora, o anime acerta em cheio, com músicas que realmente combinam com a série, com destaque para a primeira abertura (Kuchizuke) e segundo encerramento (Gekka Reijin), ambos da banda “Buck-Tick”. As músicas de fundo são tão presentes que você é capaz de inclusive imaginar que tipo de desenrolar tal cena vai ter só de ouvir a primeira nota, sempre passando o clima de melancolia e/ou mistério desejados.



No fim das contas, "Shiki" é um ótimo anime de mistério e vale muito a pena uma conferida, caso você seja fã do gênero, apesar de uma escolha de estilo de desenho totalmente incoerente e uma certa demora para que o enredo comece a realmente andar.


Lucas Funchal