Alternativos: Patema Inverted
Ano: 2013
Estúdio: Purple Crow Studio Japan
Diretor: Yasuhiro Yoshiura
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 9 minutos
Gênero: Drama / Romance / Sci-Fi
Em um mundo onde os seres humanos vivem dentro de enormes estruturas metálicas sem nenhuma visão do lado de fora, existe uma jovem chamada Patema. Com um espírito aventureiro e descobridor que herdou de seu amigo Lagos, Patema sempre se arrisca a se aventurar pelos túneis considerados como “áreas perigosas”, apesar dos constantes avisos e broncas do ancião da comunidade. Existe uma lenda entre os membros desta civilização de que, se você for muito fundo nos túneis, encontrará “homens morcego”. Eis que, durante uma de suas expedições, Patema se depara com o terrível monstro e acaba caindo de um penhasco por acidente.
Enquanto isso, na sociedade de Aiga, vive um jovem chamado Age. Todos os habitantes de Aiga são proibidos de olhar para o céu e aprendem desde pequenos uma lenda peculiar: a muito tempo atrás, os humanos pecadores foram punidos por Deus sendo engolidos pelos céu”. Apesar disso tudo Age, assim como seu pai, ainda sonha em voar e se recusa a se conformar com os ensinamentos do governo.
Certo dia, enquanto estava olhando para o céu noturno perto da grande cerca que separa Aiga da grande mina, Age se depara com uma menina de cabeça para baixo tentando se segurar para não “cair no céu”. E assim o encontro entre pessoas de dois mundos diferentes acontece, e agora ambos devem se ajudar para descobrir a verdade de Aiga e ajudar Patema a voltar para casa.
“Sakasama No Patema” (Patema Invertida) tem uma ideia muito boa. Apenas essa ideia, por si só, já é capaz de carregar o filme nas costas, proporcionando belas cenas envolvendo os dois protagonistas brincando com a gravidade. É simplesmente maravilhoso ver Age e Patema voando pelos belos cenários e descobrindo e contrabalanceando o peso um do outro para se ajudarem. No entanto, infelizmente, essa é a única ideia realmente original do filme. O resto, apesar de bem executado o suficiente, é muito manjado.
Desde o começo, obviamente percebemos que Aiga é uma sociedade autoritária que induz lavagem cerebral em seus habitantes e sabemos tudo o que vai acontecer: a “religião” é uma grande mentira, o líder é um vilão insano e sem escrúpulos e Age e Patema irão unir os dois mundos invertidos no final das contas, mas não antes de Patema ser raptada. Isso tudo poderia ser considerado “spoiler”, mas honestamente, é tudo escancaradamente óbvio e perfeitamente aliado com as convenções de qualquer narrativa épica clássica. Você, leitor, não está perdendo nada neste quesito.
Apesar da natureza formulaica do enredo, Sakasama No Patema é bem executado o suficiente para nunca ser irritante em sua previsibilidade. A maioria dos personagens é minimamente carismática e a relação entre Age e Patema, apesar de um pouco corrida, é bem construída, com um desenvolvimento credível e uma ótima dinâmica de trabalho em equipe. O vilão principal, no entanto, é absolutamente genérico, e os personagens secundários não se destacam o suficiente para agregar valor a história.
Apesar de o enredo faltar com originalidade, a produção da animação é simplesmente incrível. Tudo é muito colorido e a fluidez dos movimentos é de cair o queixo, além de as cenas de ação e perseguição serem um verdadeiro colírio para os olhos. Por mais fantástica que seja a premissa de duas pessoas com centros de gravidade diferentes flutuando, a maneira como isso é animado é lindo de se ver, e passa uma sensação de realismo caso algo assim fosse verdade.
A trilha sonora também é ótima. Uma mistura de leves beats eletrônicos com orquestras majestosas dão peso a muitas cenas, que se tornam mais fascinantes e épicas devido a um ótimo timing não só para as músicas, mas também para discretos efeitos sonoros que compõem o ambiente e a ação.
Dá pra ver que foi investido muito trabalho e atenção aos detalhes em Sakasama No Patema. A premissa por si só é extremamente original, e a qualidade de animação é impressionante até mesmo para um longa-metragem, mas infelizmente o enredo não é capaz de segurar a enorme ambição da obra, que acaba caindo na mesmice mesmo possuindo uma ideia genial. Vale a pena ser assistido, mas a sua história e personagens muito provavelmente não irão ficar com você depois que os créditos rolarem.
Lucas Funchal