segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Suisei no Gargantia (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animebook em 05/08/2013


Alternativos: Gargantia of the Verdurous Planet
Ano: 2013
Estúdio: Production I.G.
Diretor: Kazuya Murata
País: Japão
Episódios: 14
Duração: 24 min
Gênero: Aventura / Mecha / Romance / Sci-Fi



Suisei no Gargantia (algo como Gargantia do Planeta Verdejante, segundo seu título em inglês) é mais um anime supervisionado e com o roteiro original escrito por Gen Urobochi, responsável por Mahou Shoujo Madoka Magica, Fate/Zero, a Visual Novel Saya no Uta e, mais recentemente, Psycho-Pass. Mal havia terminado de exibir este último quando veio a notícia de que um novo anime de 13 episódios com seu aval estava sendo produzido pela Production I.G. (Blood+, Guilty Crown, Shingeki no Kyojin).

Em um futuro distante, a humanidade se encontra ameaçada pela forma de vida misteriosa e mortal conhecida como “Hideauze”. Ledo é um soldado que atua como segundo-tenente da Aliança Galática, e não conhece absolutamente nada além da vida de guerra contra os Hideauze, chegando até a dizer que isso é a única coisa que deseja fazer e que esperam de sua existência. Em uma batalha feroz contra os Hideauze, Ledo acaba não conseguindo aterrissar novamente na nave de retirada para Avalon (utopia científica espacial onde os seres humanos vivem) e acaba sendo lançado violentamente e sem rumo na imensidão do espaço juntamente a seu mecha “Chamber”.

Ao acordar, percebe que ainda está na cabine do piloto e Chamber lhe informa que já se passaram 6 meses desde a batalha, além do fato de se encontrarem em um planeta de coordenadas desconhecidas. Pelo visor da cabine, Ledo nota que seres humanos nativos do planeta, que julga serem selvagens, estão tentando desmontar o robô sem nenhum sucesso. Depois de tentar escapar (sem sucesso), Ledo descobre que está em um grande navio no oceano e que este planeta se trata da Terra, mundo de origem dos seres humanos e que só consta em alguns poucos registros da Aliança. Descobre também que este navio é na verdade parte de uma grande frota intitulada “Gargantia”. Seres humanos vivem em navios pelo infinito oceano, sendo que a “terra firme” é uma coisa de lendas.

Jogado neste ambiente sem nenhuma maneira de contatar ou mesmo voltar para casa, Ledo se encontra obrigado a cooperar com estes seres humanos de tecnologia primitiva e cultura radicalmente diferente da sua. Conhece assim Amy, uma jovem e animada garota que se dispõe a ajuda-lo.


Apesar de começar muito bem, Suisei no Gargantia mostra-se como sendo um anime de ritmo bem mais descontraído e focado nas tentativas e consequências da adaptação de Ledo a uma visão de mundo diferente daquela frieza lógica e científica que sempre viveu. Os primeiros 3 episódios são muito divertidos e sabem dosar muito bem os momentos de ação com os de comédia e leve drama. Já do episódio 4 ao 8, mais ou menos, toda a ação e qualquer mistério proposto pela história de fato é deixado de lado para episódios fechados que contam pequenas histórias leves envolvendo Ledo, Amy e toda a trupe do Gargantia. Coisas como Ledo aprendendo o significado do dinheiro, tentando arranjar emprego, dia de calmaria no mar em que todo mundo resolve tomar um sol, etc. Em meio a isso, temos algumas passagens um pouco mais dramáticas e emocionantes, como Ledo tentando entender por que Bebel, irmão mais novo de Amy com um problema no coração, continua desejando viver sendo que na Aliança pessoas deficientes são eliminadas.

Seria um anime ruim, com certeza, se estes episódios não nos mostrassem um elenco carismático, e ainda bem que isso ocorre. Nenhum dos personagens é particularmente original, e poucos deles realmente se desenvolvem ao longo dos 13 episódios, mas mesmo assim são cativantes o suficiente para que esses acontecimentos relativamente “mundanos” ganhem um charme próprio e sejam interessantes de se assistir. É impossível não gostar do jeitinho meigo e otimista de Amy ou da “malandragem que disfarça o bom coração” de Pinion, mas nada realmente diferente ou impressionante, apenas cativante o suficiente.

O enredo volta a andar pra frente lá pelo episódio 9, onde as coisas finalmente começam a acontecer e um objetivo claro é traçado. O tom da história torna-se um pouco mais sério, somos apresentados a algumas revelações legais e os últimos episódios introduzem um vilão principal. Esta “segunda parte”, por assim dizer, é satisfatória e cumpre bem o que se dispõe a fazer, no entanto não chega a ser particularmente épica. É empolgante, especialmente por que você passou a conhecer e se importar com os personagens ao longo dos episódios anteriores, mas mesmo assim passa a impressão de não ser um entretenimento muito acima da média.

A animação, por outro lado, é muito bem feita na maior parte do tempo. Os movimentos mais banais são muito detalhados e fluídos, a expressão dos personagens muda naturalmente e as cores são fortes e vividas. Somente os mechas que, ao meu ver, mostram-se como sendo grandes bonecos em 3D sem grande integração com a animação em 2D, mas nada feito de maneira que fique realmente feio ou algo do tipo.

A trilha sonora já é bem meia-boca. As músicas de fundo são funcionais e nenhuma se destaca, além de o tema de abertura ser o mais genérico possível. O tema de encerramento tem uma animação bem legal e a música em si é a única de toda a seleção que é um pouco mais pegajosa e gostosa de ouvir.



No fim das contas, Suisei no Gargantia é um bom e curto anime para se assistir em um final de semana ou até mesmo se estiver apenas procurando por entretenimento decente. Não vai ser nada incrível, empolgante e/ou filosófico, mas certamente vale a pena uma conferida. Pelo menos mostra que Urobochi consegue fazer histórias um pouco mais leves.


Lucas Funchal