domingo, 21 de outubro de 2018

Inuyasha (TV)

Ano: 2000
Diretor: Masashi Ikeda, Yasunao Aoki
Estúdio: Sunrise
País: Japão
Episódios: 193
Duração: 25 min
Gênero: Aventura / Comédia / Drama / Fantasia / Romance



Depois de 193 episódios e 4 filmes, finalmente encerra-se a história daquele anime que a Globo só exibiu 26 episódios, por volta de 2004/2005: InuYasha.

Se alguém ainda não conhece o enredo, basicamente, é este: Kagome é uma adolescente comum que, no seu aniversário, ganha uma joia de seu avô como presente, a Shikon no Tama. O parente diz que o item tem poderes, como tudo o que ele tem, já que a família mora e guarda um antigo santuário, mas a menina, como sempre, não acredita, até que, ao se aproximar de um poço da casa, surge um monstro em busca da pedra preciosa, também conhecida como Joia de Quatro Almas.

Nisto, Kagome cai no poço e encontra-se na era medieval do Japão, no período Sengoku, uma época de muitas guerras. Perseguida, fugindo, encontra um rapaz preso a uma árvore, com uma flecha no peito, InuYasha, um ser metade humano, metade demônio. Ela liberta-o, ele derrota o monstro, mas a joia é pega por outro e, depois, estilhaçada. Depois disso, InuYasha e Kagome descobrem que estão ligados por uma razão maior, que envolve outras pessoas, e partem em busca de todos os fragmentos da Shikon no Tama, pois cada pedaço dela pode dar poderes a quem os possui, o que, dependendo do caráter do portador, pode ser um perigo. Ao longo da aventura, a protagonista alterna entre a sua missão no passado e as suas tarefas cotidianas no presente, o que cria atmosferas diversas, passando do tenso ao cômico.

A história é boa, começa simples e termina complexa, mas, como é característica da criadora, Rumiko Takahashi, prolonga-se demais, tal como seu outro grande sucesso, Ranma 1/2 (que conta com 161 episódios e 2 filmes).

Além disso, a autora repete sua fórmula, o que, para alguns, torna a obra previsível. Em Ranma 1/2, Ranma é um menino amaldiçoado, metade homem, metade mulher, que gosta de Akane, que também gosta dele, porém, ambos fingem que não. Em InuYasha, este, metade humano, metade demônio, gosta de Kagome, que também gosta dele, mas ambos vivem brigando. (Em Rin-Ne, outra obra de Rumiko, feita após o fim de InuYasha, o protagonista, que também leva o nome do anime, é um rapaz metade humano, metade shinigami...).

Outros personagens de InuYasha são bem parecidos com os de Ranma 1/2. Kouga, rival de Inuyasha, por exemplo, lembra o rival de Ranma, Ryoga. Os dois estão sempre perdidos. A pulga Myouga, de InuYasha, é a cara do Happosai, de Ranma 1/2, mas este é muito mais engraçado e o seu caráter de "safado" é passado para Miroku, um dos personagens principais de InuYasha.

Depois da questão da "duração", que é muito longa, outro problema de InuYasha é a falta de vilões, ou a existência de apenas um: Naraku. Chega a ficar chata a situação: InuYasha consegue um poder, procura e enfrenta Naraku, que foge, aprende uma nova técnica que inutiliza a do protagonista, que, por sua vez, apanha, viaja para outro canto, adquire outra habilidade, enfrenta o vilão, que escapa etc.

Os cálculos de Naraku também podem ser considerados defeitos do anime: tudo é planejado, previsto e previsível, tanto pelo vilão quanto pelo telespectador, o único erro do personagem ocorre ao final (e que se não tivesse acontecido...).

A primeira fase é constituída de 167 episódios, exibidos de 2000 a 2004; a segunda tem 26, que só foram feitos em 2009. Esta última, final, é muito corrida, deixando muitos acontecimentos sem explicação para quem viu apenas o anime...

Um último comentário negativo será sobre os confrontos. Rumiko Takahashi é famosa pelas comédias românticas, não pelas lutas, que são a principal característica do gênero shounen, ao qual InuYasha pertence. Porém, embora quase todo episódio possua batalhas, elas quase não são interessantes e emocionantes, pois não há estratégias. É um defeito que acontece em outros animes shounen antigos, como Dragon Ball Z e Saint Seiya, por exemplo.

Por outro lado, é preciso ressaltar que a trilha sonora é maravilhosa, as cores utilizadas no ambiente medieval também, a animação começa boa (exceto numa parte em que os protagonistas lutam contra demônios morcegos, onde é possível ver que apenas a boca do "rei" dos morcegos se move, mas as asas, não...) e termina excelente. Como é característica da autora, a obra traz diversas referências ao folclore e à mitologia japonesa, o que é muito bom e interessante, pois enriquece o trabalho.

A história conta com diversos personagens, conflitos e situações emocionantes, cenas tanto belas quanto tristes (a metáfora, a vontade e a morte de Kagura que o digam...); construções interessantes (como a passagem de Onigumo para Naraku, de Naraku para Musou — o motivo das ações deste, nos três únicos episódios em que aparece, são muito bem pensadas).



Em suma, InuYasha é bom, mas poderia ser muito melhor, se fosse bem mais curto, se possuísse mais vilões e complexidade nas técnicas de luta, ou se a experiência de assistir até o final deste que vos escreve tivesse ocorrido quando era mais jovem.


 Carlos Siqueira